Alter Bridge e Halestorm @ Coliseu dos Recreios 16nov2013

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16 de novembro, o frio apertava e os passos de quem andava pela baixa de Lisboa davam para o Coliseu dos Recreios. A fila não se fez demorada e a organização e determinação de quem recebia fazia ser célere a entrada. 
Às 21h o o espaço ainda mostrava muitos lugares vazios, mas quando se começaram a ouvir os assobios e o barulho de quem esperava a assinalar que estava na hora esses mesmo lugares deixaram de existir.
Halestorm entrou com tudo o que tinha. “Love Bites (So do I)” foi o tema de arranque e o cartão de visita, que aquela banda encabeçada por uma mulher de fina figura não teria qualquer sinal de fraqueza dali em diante e a voz dela estaria ali para fazer prova. 
Lzzy Hale tem uma voz arranhada e rouca, leva-a ao extremo com um resultado de fazer corar qualquer um. Determinada, forte e segura da sua postura em palco mostrou ter garra e muito rock para além da sua imagem. De guitarra em riste entrou em palco com tudo e com todos que lhe seguiram. A banda apareceu e deu o que tinha que dar, o que queria dar e o que o público recebeu. O público agradou-se e contribuiu, estava feito o pacto de amizade entre banda e a audiência. Um estreia nada envergonhada e nada fraca. Continuaram sempre a altas temperaturas e em alta sintonia. 
Talvez por ser o último dia de digressão a banda estava alegre em palco e até bastante acessível ao público, e este, típico do nosso povo, adorou e entrou na brincadeira e na sintonia. O irmão de Lzzy, Arejay Hale, a comandar a bateria, estava ao rubro. As brincadeiras eram uma constante e logo não tardou em entrar em contacto directo com o público. Num jogo simples foi atirando a baqueta para o público e este atirava de volta na esperança que a coisa resultasse, e quando resultou… O coliseu aplaudiu e vibrou ao ponto de a música ser abafada. Mas não fez qualquer mal, o pacto estava selado e “aquela banda” que veio abrir para Alter Bridge conquistou um lugar no coração de quem foi assistir ao espectáculo. 
A energia permaneceu e a boa onda entre palco e plateia também e nem o tema romântico da noite fez quebrar as atenções ficando o coliseu cheio de pontos de luz iluminados por isqueiros e telemóveis dando um ambiente que Lzzy agradeceu e elogiou: –“You are wonderfull guys!”.
Agradeceram a oportunidade há muito esperada para tocar no nosso país e elogiaram Alter Bridge por terem lhes dado essa oportunidade. Saíram com a promessa de voltar se o público assim o quiser, mas disso não restaram dúvidas. “I Miss the Misery” foi o tema que assinou esse contrato.
Pouco tempo depois já se notava movimento em palco, afinavam-se instrumentos e alinhava-se o som. As luzes apagaram-se e o Coliseu encontrava-se cheio. Se haviam dúvidas que os Alter Bridge era uma banda há muito esperada… desenganem-se.
Mal apareceram em palco a recepção foi ensurdecedora. Myles Kennedy acena e agradece, a banda prepara-se para mais um concerto. A postos no microfone abre a boca e dá as primeiras silabas e instantaneamente cala-se e dá um passo atrás, ouvia-se a continuação do primeiro tema e o Coliseu mostrou a Myles e ao resto da banda que não iriam estar sozinhos naquela noite, em tema algum. O espanto ficou plantado na cara de Myles ao ponto de não ser possível disfarçar e assim continuou a cantar com o publico a acompanhar e a mostrar que finalmente vieram e que os esperavam ansiosamente há muito. Não houve um tema em que a banda estivesse sozinha e em que o público não interagisse. Obediente e sempre em resposta com o que se passava em palco aproveitou, participou e agradou-se pelo concerto dado que se revelou perfeito e ao mais alto nível. Nem mesmo “Fortress”, tocada ao vivo pela primeira vez em digressão, deixou de ser acompanhada pelo público. A cada elogio ou conversa de Myles Kennedy a audiência respondeu em ovação gritando “Alter Bridge”, “Tremonti” e “Portugal”. Algo que a banda soube respeitar e acarinhar com sabedoria e educação. 
O alinhamento escolhido pela banda foi muito sóbrio e com uma formula de sucesso. Composta maioritariamente com temas de álbuns anteriores jogaram pelo seguro, mas “Cry of Achiles” mostrou que poderiam estar sem medos e que tocassem o que tocassem aquele público não os largariam nem um segundo, nem num só tema.
“Blackbird” foi o momento altíssimo da noite, tanto pela prestação de Tremonti, que nunca desilude, como também pela receptividade do público que deixou a banda a trocar entre eles olhares de satisfação. Mas seguido pelo tema “Watch Over You” com Myles na guitarra acústica, como tem sido hábito nos concertos, foi o delírio e eis que Lzzy aparece, nada compremetedora no seu vestido preto, para um “dueto” a três em que o público se emociona e emociona a dupla em palco. O fecho do tema foi assinalado com muito barulho e ovação do público e a vocalista mais uma vez acarinhada pelo “padrinho Myles” e pela audiência.
“Open Your Eyes” foi o último tema do alinhamento e a banda saiu do palco (mas sabia que voltaria) com as luzes a apagarem-se nas suas costas. O público reagiu como esperado, mas talvez a reacção tivesse sido demais para Alter Bridge porque os gritos, assobios e o bater de pés no soalho centenário do coliseu fez com que aquela casa de espectáculos ameaçasse ir abaixo com aquele chamamento. A noite não acabaria ali, não assim, não daquela forma. E o Coliseu também não. “Addicted to Pain”, “Calm the Fire” e “Rise Today” foram os temas do encore que trouxe elogios, agradecimentos, desculpas, por não terem vindo actuar ao nosso país mais cedo e por não terem a noção do quanto eram acarinhados em Portugal, e com a certeza de cá voltarem sempre que os portugueses assim o desejarem.
Numa despedida demorada encontraram a saída do palco e o público saiu satisfeito e os mesmos adjectivos ouviam-se no meio do barulho da multidão que se organizava para a rua: “perfeito”, “lindo”, “brutal”.

Setlist Halestorm

  1. Love Bites (So Do I) 
  2. Mz. Hyde 
  3. Rock Show
  4. Freak Like Me
  5. Break In 
  6. Familiar Taste of Poison
  7. Drum Solo 
  8. Dissident Aggressor (Judas Priest cover)
  9. I Get Off 
  10. Here’s to Us 
  11. I Miss the Misery 
Setlist Alter Bridge

  1. Slip to the Void 
  2. White Knuckles 
  3. Come to Life
  4. Before Tomorrow Comes
  5. Cry of Achilles 
  6. Ghost of Days Gone By  
  7. Ties That Bind 
  8. Waters Rising 
  9. Broken Wings 
  10. Metalingus 
  11. Blackbird 
  12. Watch Over You (with Elizabeth “Lzzy” Hale) (Myles Acoustic)
  13. Fortress (Live premiere)
  14. Isolation

Encore

  1. Open Your Eyes
  2. Addicted to Pain
  3. Calm the Fire 
  4. Rise Today
Texto e Videos: Liliana Dias

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