[Report] 1ª Balcony TV Sessions com Miss Lava, Quartet of Woah, Ciro ,João Lobo e MulherHomem (c/ vídeos)

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Nos últimos anos habituámos-nos a seguir os seus vídeos no mundo cibernauta. Ficámos a conhecer novos talentos, de diversos géneros musicais, que nos fazem acreditar que Portugal não é um país em crise no que toca a qualidade. Melhor só mesmo com as paisagens estonteantes que nos fazem crer que tanto Lisboa como o Porto são cidades únicas neste vasto mundo.

A BalconyTv é hoje em dia uma marca cada vez mais reconhecida e o seu historial prende-se com a evolução da indústria da música onde o empreendorismo, tanto em voga, começa a dar frutos. As BalconyTv Sessions são o próximo passo.
Prometem uma programação mensal, diversa e bastante versátil, onde o Santiago Alquimista, em Lisboa, servirá de palco para estas sessões que se estrearam no passado sábado, 25 de Janeiro.
A primeira vez foi ao som de Rock. O público aderiu em peso compondo uma sala que nem sempre tem esse privilégio revelando desde já que há um aparente sucesso nesta aposta. Mesmo sem trunfos internacionais.
João Lobo deu início a uma noite que, pelo menos para os presentes, não ficará na memória pelos controversos 4 minutos que marcaram a actualidade futebolística nacional.
Um concerto curto que deu apenas umas luzes do que o público poderá esperar de futuro.
Seguiu-se um Projecto Ciro que desde cedo se candidataram a melhor concerto da noite.
Muito comunicativo, num registo tão informal em palco que é claramente uma característica de quem nasceu para estar frente a uma plateia, Marte Ciro, ainda com o carimbo de ex-Peste & Sida, demonstrou-se um mestre de cerimônias de alto nível. 
O uso de duas guitarras-baixo dá um novo tom aos graves que se fizeram sentir ao longo da sua prestação que de certa forma associa-se a um imaginário Danko Jones, menos “ametalado” onde por vezes a veia punk rock se soltava e lá se partia a loiça toda. Intenso e eficaz. Rock objectivo e com uma boa onda que envergonha muitos daqueles que perderam o gosto em tocar os seus próprios temas ao longo das suas carreiras. 
Destaque para “Se não passa ( é porque não dá)” e “Bonita” que foram dois picos de uma noite que começava a aquecer.
O foco de atenção do público elevou-se um pouco para o tal palco secundário, que despertava alguma curiosidade face ao recinto. No balcão superior (não fosse esta uma BalconyTv Sessions) já se encontrava de facto uma bateria que suscitava algumas dúvidas que foram desfeitas com a prestação de MulherHomem, numa disposição pouco convencional de palco mas que acabou por dar um certo toque de diferenciação. Sentiu-se a pressão sobre o vocalista, que como frontman, teve a responsabilidade de tentar criar algo de único e memorável. Os seus versos por vezes explosivos conseguiram, esporadicamente, captar a atenção do público que cada vez mais deixava visível o concerto que mais aguardado da noite.
Este Trio de Manueis revelou potencial que não conseguiu de facto atingi-lo face à condições que lhes foram impostas. O single “Mariana” demonstra muito do que é a sua sonoridade onde as linhas de guitarra soam por vezes hipnóticas.
Os Quartet of Woah são a banda a relembrar quando 2013 já soar nostálgico, e concertos como o do festival no Meco comprovaram uma consagração mais do que merecida. Verificou-se claramente tanto o apoio da crítica como do público.
Na BalconyTv Sessions não foi diferente. Por esta altura o recinto atingiu o seu pico de afluência para ver ao vivo os temas de Ultrabomb, que apesar de datar 2012, a Songs for the Deaf Radio orgulhosamente assume-o como a escolha para melhor álbum nacional 2013, não querendo deixar no esquecimento um álbum que não teve tempo de se mostrar a tempo de tais escolhas em 2012.
Numa época onde a música alternativa carimbada de indie está cheia de revivalismos (de grande qualidade diga-se), devemos ter orgulho em ter uma banda cujo a dimensão seria outra se no passaporte tivesse Austrália, por exemplo, onde grandes bandas buscam nos anos 70 aqueles sons psicadélicos, progressivos e com expressão hard rock que encontramos nos Floyd ou nos Zeppelin. Adicionem um pouco de stoner. A fórmula não é instantânea mas é fascinante.
Gonçalo Kotowicz é apenas o espelho de um conjunto de animais de palco de um profissionalismo extremo. Criaram um som de tal forma coeso e dinâmico que tanto conseguem criar momentos de transe como autênticos tsunamis de virtuosidade.
Rui Guerra a cargo das teclas, envergando Queen na t-shirt, foi o MVP da noite: senhor de um timbre invejável e de uma noção de musicalidade fora do comum conseguiu provocar aquele arrepiou na espinha que apenas um Jeff Buckley consegue (por exemplo) na introdução de “Path of Our Commitment“.
U Turn” apesar de ter direito a vídeo, assim como ” Slingshot Sam” (que gravaram pela BalconyTv frente ao Mosteiro dos Jerónimos) não se fizeram reconhecer particularmente por parte do público que se demonstrou derretido do início ao fim.
Coube aos Miss Lava, com o seu rock que cheira a cerveja e a borracha queimada, fechar o cartaz. Stoner Rock repleto de riffs para abanar a cabeça do princípio ao fim.
Curiosamente, também marcaram presença no tal festival do Meco em simultâneo com os Quartet of Woah mas no palco principal, obrigando o público a uma escolha ingrata.
Já passaram alguns anos desde que começaram a abrir caminho neste meio, nem sempre fácil, conseguindo chamar à atenção dos promotores, como foi o caso da primeira parte da estreia de Slash no Coliseu dos Recreios em Lisboa. Nessa noite os menos fanáticos acreditavam ter visto a banda a ofuscar um ícone da história do Hard-Rock.
A fasquia ficou bastante elevada após o concerto anterior, e apesar de algumas semelhanças e alguns aspectos sonoros, a essência de cada banda demonstrou-se divergente, pelo menos na forma como o alinhamento fora montado.
Os Miss Lava são donos de um Rock nu e cru que não necessita de grande pormenores. Por outro lado os Quartet são demasiado complexos e de uma digestão mais duradoura…
Os singles que fazem dos Miss Lava uma referência do Rock nacional dos últimos anos não faltaram, numa setlist digna de uma banda que sabe promover um bom espetáculo rock. Souberam como puxar pela frontline bastante efusiva e interactiva. Reciprocamente lhes ofereceu o único encore da noite.
Este primeiro BalconyTv Sessions foi um verdadeiro sucesso a nível de público, sem grandes aspectos a apontar a nível técnico ( com os imprevistos normais que um concerto ao vivo corre sempre o risco de ter) e com grandes prestações a nível das bandas que compuseram um cartaz de grande nível. No entanto, o alinhamento corrigido teria um potencial maior face à procura do público como na contextualização sonora das bandas.

Texto/Vídeos : Tiago Queirós (vídeos abaixo)
Fotos : Nuno Santos (brevemente na SFTD Radio-Made in Portugal no facebook)




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