[Report] Amon Amarth + Testament + Grand Magus @ Coliseu do Porto

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O nevoeiro que descia sobre as ruas tornou a passada noite de dia 10 novembro ideal para o desembarque das hostes vikings em solo da invicta, onde o Coliseu do Porto seria palco da derradeira batalha. Em tour de promoção do álbum Jomsviking vieram como guarda avançada dos Amon Amarth os compatriotas Grand Magus e os norte-americanos Testament.
A bela sala do Coliseu estava apenas a meia casa quando pelas 20 em ponto iniciaram as hostilidades os suecos Grand Magus.

Recebidos com aplausos, o trio apresentou-se bem oleado, desfilando o seu DoomHeavy Metal e provocando desde logo headbanging entre os presentes. Começaram pelo aclamado álbum Hammer Of The North como o tema ‘I, The Jury’, apresentando uma setlist que percorreu todos os trabalhos desde Iron Will de 2008 até ao mais recente Sword Songs de 2016, deixando de fora os trabalhos mais antigos e surpreendentemente com pouco foco no mais recente, tocando apenas deste ‘Varangian’. Soltando belos solos em todos as músicas, iniciaram a festa e puseram a vibrar um público desejoso de celebrar, foram assim aquecendo todos aqueles vindo da noite fria da invicta e enchendo a casa.
Numa atuação em crescendo, arrancaram para uma grande segunda metade de actuação quando tocaram ‘Steel Versus Steel’ já sem que ninguém lhes ficasse indiferente, ouvindo-se vozes que já só se silenciariam no final do último tema ‘Hammer of The North’ onde o público se fez ouvir ainda mais, acompanhando a banda a uma só voz. Esta saiu de palco sobe aplausos, num bom início de uma noite que subiria de intensidade e peso.

Ninguém parecia querer-se guardar apenas para Amon Amarth e por isso foi com a casa cheia que Testament pisaram o palco, surgindo sobe um coro de aplausos, gritos e metal horns.
O histórico grupo libertou o seu thrash metal com o tema do novo álbum ‘Brotherhood Of The Snake’ e imediatamente surgiram headbanging, crowd surfing e muito mosh no circle pit. Apesar de terem tido o som um furos abaixo das outras bandas da noite, não tiveram dificuldades em conquistar um público muito receptivo e interactivo com a banda, recebendo os temas novos e os antigos com o mesmo entusiasmo, fossem eles oriundos dos primeiros álbuns The Legacy e The New Order ou dos mais recentes The Formation Of Damnation, Dark Roots Of Earth e Brotherhood Of The Snake.
Ao terceiro tema ‘Pale King’, já os corpos estavam em ebulição, voavam t-shirt ensopadas em suor, num concerto com poucos momentos para respirar, onde resistiam no pit os mais fortes. Uma das poucas pausas surgiu quando Chuck Billy dedicou o tema ‘Stronghold’ aos nativos americanos perante uma plateia de punhos no ar.
Até ao final nova descarga de energia com os temas ‘Into the Pit’, ‘Over the Wall’ e ‘The Formation of Damnation’ com os encantadores de guitarras Eric Peterson e Alex Skolnick a seduzirem o público para mais um mosh generalizado, enquanto o vocalista Chuck Billy ganhava o premio de air guitar da noite. Uma multidão infindável de metal horns e aplausos despediu-se da banda enquanto esta abandonava o palco.

Durante o sound check para o último espectáculo da noite, a ruidosa sala encheu-se de conversas e expectativas ansiosas por Amon Amarth, veteranos e mancebos que vestiam a pele de vikings e se preparavam para as pilhagens.

Subitamente as luzes apagam-se e os vikings desembarcam, entre os nativos gritos de ansiedade e aplausos, ao primeiro acorde o público salta e canta com intensidade suficiente para abanar as paredes do Coliseu e começam os primeiros crowd surfings.

Antes de mais há que orar a Odin para que nos guie na batalha que acabara de se iniciar, por isso começaram por ‘The Pursuit of Vikings’ e logo se percebeu que estavam destinados a conquistar terras lusitanas, pilhando o carinho e dedicação do público. Segue-se ‘As Loke Falls’ e ondas de metal horns rebentam contra a proa do Dracar nórdico. O vocalista Johan Hegg aproveita um momento de acalmia para num bom português de sotaque sueco agradecer aos presentes com a simpatia de um nobre ancião antes de com toda a ferocidade viking iniciar a narração do momento em que matou o primeiro homem, na primeira viagem ao mais recente álbum com o tema ‘First Kill’. Prosseguindo pelo mesmo álbum ‘The Way Of Vikings’ traz para palco guerreiros que se gladiam para satisfação da plateia que se entusiasma com o eco do aço a ferir os escudos de madeira. Em ‘At Dawn’s First Light ‘ o público ergueu a sua voz enquanto arrancava um violento circle pit, que não perderia força durante todo o concerto. Abandonando o último trabalho surgia ‘Cry of the Black Birds’ numa altura em que já todas as músicas eram acompanhadas na voz pelo público, enquanto bravos guerreiros lusitanos no crowd surfing tentavam abordar o barco viking.
‘Deceiver of the Gods’ e ‘On a Sea of Blood’ aproxima ainda mais o público da banda e demonstra uma estreita relação entre Johan Hegg e aqueles que não deixam um gesto, uma palavra sem resposta. A batalha volta a intensificar-se em ‘Destroyer of the Universe’, em pleno Ragnarok ninguém se quer mostrar indigno de lutar ao lado dos deuses. ‘Death in Fire’ e ‘One Thousand Burning Arrows’ com arqueiros em palco, antecedem o momento em que Loki surge em palco em ‘Father Of The Wolf’.

Com a contenda a mais de meio ninguém dava mostras de estar disposto a se render, ‘Runes to My Memory’ e War of the Gods’ antecederam um curto encore onde a plateia a chamar pela banda fez estremecer o solo, os vikings surgiram para umas tréguas e celebrando com o público ergueram os cornos em ‘Raise Your Horns’ para um brinde festivo. E por que todos éramos guardiões de Asgaard foi isso mesmo que gritamos em uníssono ao Deuses em ‘Guardians of Asgaard’.
Antes de fechar a noite um segundo encore, e pela segunda vez o solo tremeu, a voz rouca, o suor e as cicatrizes eram a prova da grande batalha que se travara até ali, mas havia ainda um último fôlego para gastar. Johan Hegg surge de Mjölnir na mão e prepara-se para combater a serpente Jörmungandr que se ergue por detrás do palco com ar ameaçador, ao som de ‘Twilight of the Thunder God’. Último tema e uma última oportunidade para os bravos guerreiros no circle pit se mostrarem dignos de valhalla e serem levados nos braços das Valquírias, os restantes erguem a voz mais alto para cantar uma última vez.
Termina o assalto às costas lusitanas, sobe um coro de aplausos e ninguém quer dar por findada a noite, Johan Hegg enche o corno para um último brinde e desaparece na noite, de volta ao Dracar, há mais terras para pilhar.
Grande noite na cidade do Porto, grandes bandas, uma bela sala, cerveja a um euro e meio, boa companhia e um público capaz de responder à entrega que veio de palco. Foram reunidos todos os ingredientes necessários para imortalizar a noite nas memórias de quem se deslocou ao Coliseu.

Texto: Henrique Duarte
Fotos: Nuno Santos (todas as fotos aqui -em actualização mais em breve)
Agradecimentos: Prime Artists

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