Report do 2º dia do SonicBlast Moledo 2015 (com vídeos)

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Havia uma sensação de desejo oculto, que o tempo ficasse quente e deliciosamente nos elevasse para o SonicBlast, como foi nas edições anteriores. Era uma frustração acordar de manhã com uns raios de sol purificadores e que rejuvenesciam o ambiente no camping, para pouco tempo depois se transformarem em céu enublado com rajadas de vento geladas. Foi difícil proteger o camping gás para o café da manhã e cozinhar foi impossível, mesmo!
Decidimos ir almoçar fora no Bar do Palma onde comprámos os nossos ingressos, uma parceria antiga deste restaurante local com o evento. Servidos à moda do minho, fomos de barriga cheia para o recinto, com o horizonte carregado atrás de nós.

Fotografia: Di Mo PHO

O amor à musica não se abala e a  melomania estendia-se aos que acorreram ao concerto de Vircator. Esta banda do distrito de Viana do Castelo, agraciou o público com o seu post rock psy doomesco e soube também cativar os que estavam e os que se atrasavam pois ouviam-se ao longe os acordes a ecoar entre o mar e a serra, embalando-os com pressa, para o recinto.
Nós lentamente ascendíamos à Freguesia de Cristelo e chegámos a tempo de Galactic Superlords. Chuviscava de forma irritante mas depois de Katharina Heldt subir a palco, impôs-se o respeito e o sol chegou e a banda mais uma vez, deliciou-nos com um concerto excepcional! Estes tinham participado no dia 13 no Warmup no Ruivo´s Bar e arrasaram com o seu EP homónimo lançado no passado dia 18 , mesmo depois durante todo o evento, foram uma banda interactiva com o público e não se esquivavam aos pedidos de fotos e selfies.
Galactic Superlords, Pool Stage, foto by Stanana
A energia no palco era tremenda, a voz envolvente de Katharina leva-nos a um tempo werstern com cactos de Ayuasca no deserto e calores dilacerantes subiam-nos pela espinha a cada sílaba cantada e nota tocada. Tão sexy crazy girl! A restante banda, à sua altura, celebrava o momento com a mesma entrega nos seus riffs e batidas de rock desert/ stoner e vocalizações de alta qualidade. Como disse antes, a banda  destacou-se pela positiva, em todo o evento! Obrigada Superlords! You rock!

Os Astrodome, regressam ao palco neste recinto com o alinhamento trocado do álbum homónimo, que apresentou no Warmup dando um show diferente que culminou com a, já conhecida pelo público local, Through the Black Hole, que acompanhou a banda deliciando-se no desert post rock apresentado. Um bom concerto.

Astrodome, Pool Stage, fotos by Stanana

Desta vez S. Pedro não recebeu bem os espanhóis, vindos de Santiago de Compostela e os Puma Punku sobem a palco com chuva, para desencanto do público que esperava um melhor dia para usufruir deste recinto e da piscina. Assim esmoreceu um pouco o espírito, mas envoltos em sons psicadélicos do seu mais recente trabalho Is It In You?…

Puma Punku, Pool Stage, foto by Stanana

De ‘copas’ na mão, fujimos para o varandim da Associação numa tentativa de não perder pitada do que se passava no palco, lá em baixo. Um bom concerto que ‘susteve’ a malta, numa ambiência rock acid, neo-psicadélico e space rock.

Resistindo ao temporal que se avizinhava, Lâmina soube acarinhar o público e evitou uma fuga em massa retaliando com o seu estilo rock n’ roll revivalista dos anos 70 e com espírito humorístico, fizeram acalmar os chuviscos e rapidamente o recinto voltou a compor-se, em frente ao palco. Um bom concerto de puro rock! Uma banda que desperta curiosidade e expectativa do que virá a seguir e com lugar reservado no panorama musical nacional!
Aproveitámos este momento para espreitar a zona de skate proporcionada por Demon´s Owl Academy e assitímos a uns truques da crew de Bita San, vocalista dos Mr. Miyagi, que se animou com os colegas e permitiu um bom momento de brincadeiras nos obstáculos e rampas montadas, na entrada do palco principal, que já se preparava para o 2º round de concertos.

Recinto Skate, Palco principal, fotos by Daniel Freitas

A pedido de muitas famílias, Vitor Vaz, músico dos The Dead Academy, entretanto na sua banca de merch Demon´s Owl, retoma a brincadeira feita na edição anterior, com o seu overplay de guitarra e acompanhando a música saída de um laptop, permitiu a quem quisesse, dedilhar livremente umas malhas numa guitarra, contribuindo assim para a animação da zona. Sem ser em formato de concurso como o ano passado, surge um convite ocasional ao Zé Gomes dos Killimanjaro, que não resistiu em dar-nos uns riffs rasgados na guitarra provocando sorrisos nos transeuntes entre o recinto do Pool Stage e as tascas de comes e bebes, aos quais se juntavam os simpáticos Galatic Superlords que aproveitavam ao máximo o festival. Sempre que o tempo permitia, a esperança que o ambiente ia ser mais festivo, aumentava. Um momento divertido entre amigos músicos, neste festival!

 
Recinto merch, Pool Stage,fotos by Stanana

No Pool Stage, de espírito elevado, o público tentava ao máximo resistir ao regresso da chuva e vento quando sobem a palco, vindos da Ucrânia os Somali Yatch Club.  Lutaram com todas as suas vibes veraneantes no estilo Psych Stoner e com o seu mais recente trabalho The Sun, manter o recinto composto, mas infelizmente a meio do concerto a SFTD já não tinha condições e saímos  para buscar agasalhos às tendas e para comer no Moliceiro, mais uma tasca local e familiar, onde fomos muito bem recebidos e tratados. A chuva mantinha-se e ao longe ouviam-se os acordes dos primeiros concertos do Palco Principal, que começavam mais cedo neste dia.
Receberam os repetentes Libido Fuzz e o seu primeiro full-length Kaleido Lumo Age lançado em Maio deste ano e assitimos à última música, revelada pela banda francesa, como um tema do seu novíssimo Guide My Synesthesia, um trabalho gravado em 4 dias e que sairá brevemente, inspirado na musicalidade Pink Floydeana e psicadélica de alto gabarito. Soavam tão bem os acordes melodiosos da guitarra por entre a serra e o mar, como se dissessem à Natureza que estavamos cá para ouvir música e nem a chuva nos ia parar! Por momentos resultou!

Descia a noite e seguiam-se os Wight, vindos da Alemanha e na sua Fusion Rock Invasion European Tour deram-nos em Moledo, um som rock psicadélico, mais jazzy funk fusion e jingaram a malta na expectativa. O baixista, Peter-Philipp Schierhorn com o seu longo cabelo loiro de fazer inveja a muitas meninas, encantava as presentes com a sua simpatia e o recinto parecia vibrar. Música de excelência qua as bandas germâncias já nos vão habituando por cá e ganham em cada edição, mais adeptos.

Wight, Palco Principal, foto by João Ramos

Notou-se maior afluência do público neste dia, que vinham de propósito para os reis da noite, os Pentagram.

Antes disso, estiveram os jovens rapazes islandeses The Vintage Caravan a dominar o palco com o seu Arrival. Rasgaram os céus com o seu puro rock fundido com progressivo e blues e em conjunto com o público bradaram palavras de ordem ‘Fuck the rain!’ no meio de riffs agressivos enquanto rajadas de vento e chuva esbofeteavam os presentes, ocasionalmente! Imparáveis e animados souberam com temas como Last day of light e Babylon, fixar o público em mosh à frente do palco e o recinto enchia-se de gente pululante! Depois de, no ano passado, terem estado no Stairway Club em Cascais, esta foi uma excelente oportunidade para os rever em Portugal, uma das bandas que domina os tops internacionais. Muito bom!

Pentagram, Palco Principal, fotos by João Ramos

Seguem-se os Reis da Noite, Pentagram!
Notava-se o desconforto geral devido ao tempo frio, mas a magia fez-se e uma banda nascida nos anos 70 mas que só nos meados dos anos 80 ganha o seu lugar ao sol. Só Bobby Liebling, sempre como frontman, do conjunto de músicos que se iam renovando ao longo das décadas, resiste.

Nota-se a idade avançada deste vocalista, que tem hoje 61 anos e uma voz menos consistente. Contudo, a sua presença esquizofrénica em palco contagia as massas e são recebidos em extase…no entanto ao longo da sua performance foi-se notando uma baixa na euforia do público, para prestar atenção ao que estes músicos de alta qualidade tinham, para nos mostrar.
Tocaram os temas do seu mais recente trabalho Curious Volume em tom de heavy speed doom metal e os ‘pais’ deste estilo  doom ofereceram-nos também temas antigos, transportando os mais velhos ao passado, em que a música psicadélica era uma marca da época, que se vivia pelo mundo. Com a faixa Pentagram do álbum homónimo notou-se a falta de vivacidade da voz do vocalista e  o esforço em cada palavra cantada e tentava acompanhar a métrica acelarada do ritmo deixando-nos a desejar o regresso dos anos 90, quando este álbum saiu.
Por isso este concerto no final, não superou as expectativas, têm o seu lugar como lendas do doom sem dúvida, mas fica a questão no ar de que, se ainda podem continuar a funcionar bem ao vivo. Uma decepção generalizada no público mais velho com certeza, mas  a apreciação é mantida viva e em altas surpreendentemente, com público mais novo. Ficámos contudo com a sensação que não era aquele o feedback que a banda esperava, seria culpa do clima?

Por essa questão a SFTD Team, decidiu recolher-se e não assistiu ao concerto dos saxónicos Mother Engine mas, como se percebia no acampamento foi talvez má opção, pois ouviam-se ao longe e com ventos favoráveis, os temas do seu último trabalho Absturz em  influências de psych rock, stoner rock e  krautrock. Temos a informação de que foi gravado em casa e lançado também em vinil. Temas que também tocaram este ano em Barcelona, Penafiel e na Marinha Grande na sua Tour Europeia.

foto in FB Mother Engine

Esta edição dominada pela qualidade musical trazida maioritariamente pelas bandas germânicas, fechou em beleza mas o tempo não permitiu o maravilhoso e louco convívio habitual neste evento e o desconforto provocado pelo frio, apoderou-se da maioria.

Preenchida a alma com boa música e de convívio com amigos reencontrados neste festival, cumprimos mais uma presença no evento. Esperamos que as datas regressem aos dias de calor, pois foi de facto relevante, a sua ausência.
Agradecemos às equipas técnicas de som, luzes e vídeo que nos proporcionaram um belo momento mágico mesmo em condições difíceis e aos mentores Ricardo e Telma, da organização, pela recepção e capacidade de acomodar tudo e todos num ambiente feliz e fraterno, como de costume! Acreditamos que a baixa de afluência tenha sido devido aos Festivais que se seguiam, o Paredes de Coura e o Reverence Valada, mas este SonicBlast sendo o único exclusivamente stoner, tem o seu espaço conquistado e teremos mais e melhor, para os próximos anos com certeza!
Obrigada a BBBlast e Demon´s Owl Academy, mais uma vez pela simpatia e apoio à equipa SFTD e até para o ano de 2016!

Texto por Stanana
Fotos por Stanana, Daniel Freitas e João Ramos

Vídeos, cortesia de João Ramos, abaixo:

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