A sala que deve ter o record do Guiness por mais concertos por metro quadrado do mundo, o Side B em Benavente, encheu mais uma vez na passada sexta feira, dia 20 de Junho, para receber os Ramp. A histórica banda do Seixal tem vindo a percorrer o país de norte a sul divulgando o seu último álbum XXV Ramp 1988-2013, um misto de Best Of com inéditas versões acústicas e covers refrescantes. Curiosamente, e no decorrer desta digressão, o álbum regressou aos top nacionais, e nada mais nada menos que um tremendo 4º lugar.
Nesta tour cada data contou com a participação de distintas bandas de suporte. Nesta noite foram chamados à cena os Ol’Jolly Roger e os Diabolical Mental State.
Eram por volta das onze horas quando um misto de estupefacção e curiosidade atingiu os presentes. Em palco entravam meia dúzia de músicos mascarados de piratas (ou vice-versa) que com uma atitude indomável lideraram as galés por mares que pareceriam complicados. A sua atitude descomprometida e festiva contagiou o público que alinhou, ainda que timidamente num espectaculo que não se vê muito por estas bandas: Um folk metal poderoso, no entanto divertido (como é essencial no género) e de temática pirata. Os Ol jolly Roger tem vindo a pisar vários palcos e mostrando alguma evoluçao (talvez até habituaçao às personagens) face a anteriores espectáculos.
Anunciados à última para substituir os Wall of Death (segundo a banda “não foi possível comparecer por motivos de força maior”), os Diabolical Mental State tomaram a casa de assalto e sem aviso prévio. Com uma descarga sonora e de energia depressa mostraram ao público que não “íam fazer reféns”. São já algumas as vezes em que nos cruzámos com esta banda e cada vez que passa demonstram uma maior coesão, além da enorme entrega em palco por parte de todos os elementos. Aos poucos, o público que maioritariamente estava lá para ver Ramp, juntou-se à já numerosa DMS Crew respondendo às incitações do imparável vocalista Fernando(Fanã), mais concretamente na orelhuda ‘The Village’ e na direta ‘Long Way Down’.
O concerto acabou por parecer curto, talvez devido à intensidade e rapidez do seu groove metal influênciado por gigantes como Lamb of God e Pantera, no entanto foi suficiente para mostrar o seu recém lançado EP ‘Basic Social Control‘. Vamos ouvir ainda falar bastante destes rapazes, tal como vaticinámos da primeira vez que os vimos, em 2013 na Republica da Música, a abrir para Steal Your Crown.
Após o intervalo para abastecer, cerca da uma menos um quarto, eis que começa a soar a batida mecânicamente ritmada da ‘Hallelujah’. Olhámos e afinal não era uma máquina, era já o Paulinho na bateria. Com uma das suas mais conhecidas e cantáveis malhas, os Ramp não arriscam e tomaram de imediato conta do público. ‘Insane’, ‘Dawn’, e ‘The Cold’ do último de originais ‘Visions’ garantiram um arranque forte e arrabatador. Rui Duarte, como sempre muito comunicador, dedica a dark ballad ‘Alone’ a todos que perderam alguém querido. Mais tarde incentivou as pessoas a apoiar as bandas, pagando para ir aos concertos, lembrando que em muitos dos concertos “gratuitos” que o povo acorre em massa, os músicos recebem enormes cachets. (ndr: mas têm direito a piquenique na avenida).
Antes de atacarem a ‘Black Tie’, agradeceu ainda às bandas que os acompanharam nesta data, os “piratas das caraíbas, arrr!”, e aos DMS, que felizmente puderam ainda contribuir suprindo a ausência da banda anteriormente anunciada.
Como esta é uma digressão à volta do ‘Best Of’ revisitaram toda a (longa) carreira, com ‘Behind The Wall’ a levar-nos ao final dos anos 80, extraída do álbum ‘Thoughts‘.
Foi feito um pequeno intervalo para resolver alguns “problemas técnicos” que nos pareceram vir da bateria. Um copo depois ‘All Men Taste Hell’ de ‘Intersection‘ trouxe de volta o calor à sala. Regressaram então ao primeiro álbum, com o tema que dá nome ao primeiro álbum, ‘Thoughts’. Logo de seguida falou da experiência que tem sido esta digressão, de norte a sul, de beira (interior) a beira litoral). Para introduzir as músicas seguintes (covers que estão presentes no álbum ‘XXV’), lembrou que os Ramp já partilharam o palco do Rock in Rio com grandes nomes do (isso mesmo) Rock, como Andreas Kisser ou Kreator, criticando as actuais opções desse festival nos anos mais recentes, o denominado “Pop In Rio”. Atacaram então a conhecida “We’re Not Gonna Take It”, original dos Twisted Sister, seguida por ‘Fuck You’.
Com toda a banda sentada em palco, e praticamente às escuras, teve lugar o momento mais calmo e intimista da noite, antecedida de uma mensagem para “aproveitar o momento” veio a ‘For a While’.
Numa das suas covers mais estusiasmantes ao vivo, ‘Walk Like an Egyptian’ em versão extended, houve lugar a solos e batalhas de guitarra entre Ricardo Mendonça e Tó Pica, bem como solo de Paulinho na bateria.
Iriam terminar a seguir com a habitual ‘Try Again’ mas o público pediu e mereceu algo mais, e teve! Uma fantástica execução de ‘Ace of Spades’ dos Motörhead foi a cereja em cima do bolo que foi esta viagem no tempo com praticamente duas horas.
Texto, fotos e vídeos: Nuno Santos
Todas as fotos no facebook da SFTD Made in Portugal
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