[Report] Sick of It All + Angel Du$t + For The Glory + Since Today @ República da Música

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(c) Tiago Lisboa // Ruído SonoroNa passada noite de quarta-feira, 15 de Abril, o Route to Resurrection Fest Tour passou pela República da Música, numa produção Hell Xis, servindo de pretexto para os lisboetas saírem de casa e aderirem em peso a uma belíssima sessão de Hardcore.

Sick of it All foram sem dúvida os grandes ímans no que toca a atrair público. Os históricos headliners sempre encheram o coração do público português mas os complementos fazem a diferença pelo que Angel Du$t, pelas referências que trazem no curriculum, também tiveram a sua quota parte na escolha dos mais indecisos. E claro, não esqueçamos o que são os For the Glory neste meio.
No fim da noite, observando a sala facilmente se concluía que não foram muitos os que cederam à pressão do dia seguinte, fosse ele no trabalho ou numa sala de aula.
But first thing first…
Bem cedo subiram ao palco os nacionais Since Today que lançaram o seu primeiro trabalho de estúdio no passado mês de Novembro. Um split com os The Stray picando o ponto numa tradição bastante própria do mundo do HC e cada vez menos comum. “Don’t Give Away All Your Boots” está disponível a uns cliques de distância!
Os alentejanos vindos de Odemira, já têm surgido em diversos eventos entre os quais destacam-se nomes como Comeback Kid no Algarve e H20 no ultimo Hell Xis Fest em 2014. Na região Sul têm já o seu nome a saltitar de cartaz em cartaz ( SMMF, Mirafest, Montecore) mas este em concreto, irá certamente permanecer na memória. Primeiro pelo simples facto de inclusão nesta data lhes trará uma maior visibilidade na capital. Segundo pelo próprio concerto em si.
Apesar da sala estar ainda bastante despida, tentaram a todo o custo despertar a curiosidade dos presentes. A sua sonoridade de Core in-your-face transmite muito bem todo o imaginário DIY da banda e demonstra claras influências dos rapazes que se seguiram. Ou pelo menos foram beber da mesma fonte.
A luta por uma “cena” hardcore no Alentejo e Algarve, que esteja de mãos dadas com todas as vertentes do mundo mais underground, do punk ao metal, é algo que aplaudimos e que cada vez é menos indiferente aos de fora.
As sólidas prestações irão certamente abrir-lhes cada vez mais portas.
E nem por acaso era o Southern Rock dos Crossed Fired que compunha a banda sonora dos intervalos entre concertos.
Dispensados de apresentações estão os “nossos” For the Glory que conhecem bem os cantos à casa.
(c) Tiago Lisboa // Ruído Sonoro
A agenda regular na capital, que nos habituaram ao longo dos tempos, não tem estado tão carregada e logo se fizeram sentir as saudades. Diversas foram as vezes que relatámos os seus concertos, e certamente muitas mais virão. O que é certo é que ainda não foi desta que baixaram o nível de intensidade que os caracteriza tão bem em palco e cujo o feedback é incomparável neste país.
A fasquia é por norma alta, pelo que de certa forma ficámos desiludidos com o número de pessoas que marcaram presença na sua actuação. Politicamente correctos, aplaudiram quem ali esteve mais uma vez. Os outros, pelos vistos, devem pertencer à minoria portista residente no distrito de Lisboa.
Que tenham feito bom proveito, porque quem chegou mais cedo também não ficou mal servido. O concerto em formato best of percorreu todos os temas chave de uma carreira com mais de 10 anos e muitos Kms percorridos.
Desde a descarga de “101” passando pelo sing along de “Armor of Steel”, foram vários os momentos que mereceram destaque.
A parentalidade já surte efeitos no comunicativo frontman dos FTG: “Some Kids Have No Face” foi dedicado com especial carinho ao seu filho assim como a toda uma geração que terá que batalhar bastante no futuro.
“All the Same” e “All Alone” disfarçaram bem um dia de trabalho… Hinos do underground nacional, uns atrás dos outros.
O tema que talvez tenha tido maior impacto em “pescar” mais público, “Survival of the Fittest”, por ser catchy com tudo o que tem direito, é sempre um momento com grande receptividade. Está bem enraizada nas setlists e ninguém aparentou querer que algum dia isso mude. Houve um pequeno percalço com a guitarra mas já são muitos anos… Muitos nem repararam!
“Lisbon Blues”, o tema que deu nome ao seu último álbum (já bem decorado por quem se fez presente frente ao palco), soube ligeiramente agri-doce. Antecipadamente, e recorrendo ao séc.XXI, usando as ferramentas a ele inerente (Facebook), já tinham anunciado a gravação de imagens para um futuro vídeo oficial. Infelizmente não creio que as imagens captadas mereçam o privilégio. No epicentro da acção já assistimos a paisagens de crowd surfers e de pits que muitos apenas sonham, mas desta vez não foi o caso. É pena. Mas se o foco estaria apontado à banda de Ricardo “Congas” a história seria outra: seja para 10, 100 ou 1000 pessoas.
A casa já se ia compondo de forma mais intensa quando os rapazes de Loures (e Queluz!) se despediram com uma das favoritas dos fãs :”Fall in Disgrace”.
Seguiu-se o primeiro grupo internacional, vindos de Maryland (EUA), os Angel Du$t marcaram a sua estreia em Portugal com um belíssimo concerto.
(c) Tiago Lisboa // Ruído Sonoro
Na promoção deste evento se fez referência a Trapped Under Ice, a banda que meteu o vocalista no s holofotes do Hardcore Mundial mas neste projecto a dinâmica é outra. O hardcore mais urbano deu lugar a uma postura mais descomprometida, catchy e que marca a diferença sem qualquer tipo de pretenciosismo.
Enquanto nos últimos anos as bandas de hardcore procuram títulos de pesos-pesados, esta banda de Justice Tripp procura apenas irreverência. Não cederam nem aos clichês do meio, ou pelo menos não de forma previsível, tornando o concerto, como o álbum, uma experiência divertida mas longe de ser alvo de chacota.
Na República da Música apresentaram alguns temas do seu segundo álbum, lançado em 2014, A.D., que merece todos os aplausos que tem recebido. A fórmula é de facto muito interessante e bem capaz de se tornar viciante. “Stepping Stone” abriu a actuação da melhor forma sendo clara a satisfação frente ao palco.

O casaco dos Knicks que Tripp trazia vestido pouco durou. A temperatura lá subiu proporcionalmente aos níveis de interactividade do público que aparentava-se bem mais desinibido e em número crescente. A mistura de punk rock melódico com break-downs e momentos de maior pujança funciona muito bem com estes rapazes. Sem “encher chouriços” as músicas seguiram-se uma atrás da outra. “Jean Shorts” e “Set Me Up” meteram o ponto final numa actuação que soube a pouco.
Temeu-se que a sala não chegasse ao nível do que tínhamos encontrado com Madball, que assumimos como sendo um bom ponto de comparação dadas as características de ambas. No entanto, a sala encheu bastante.
Uma quarta-feira que não fora propriamente um dia de verão, se bem que a chuva fez-se a par de climas tropicais, mas mais uma vez os portugueses arranjaram maneira de não deixar ninguém envergonhado.
Os Sick of it All vieram com novo álbum na bagagem mas claramente que o público ainda é o fidelizado de outros tempos. A prova disso esteve a certa altura quando Lou Koller perguntou aos presentes quantos seriam os estreantes. Uma clara minoria!
(c) Tiago Lisboa // Ruído Sonoro 
Na última vez que a SFTD Radio se tinha cruzado com os nova-iorquinos o contexto era bastante diferente: Resurrection Fest, um festival open air de grandes dimensões, com milhares de pessoas frente ao palco. Acreditem ou não, este concerto, no que toca aos elementos em palco, foi melhor.
O cenário underground ajuda ao imaginário do NYHC, é verdade, no entanto foi na voz de Lou que se notaram claras melhorias. Ninguém pretende um cantor lírico, mas em Espanha houve um claro esforço em demasia que não foi de todo positivo. 
Abriram com “Good Lookin’ Out” conquistando a plateia como ninguém tinha conseguido na noite toda. Daí para a frente foi um desfilar de clássicos, uns mais antigos que outros, não deixando de picar o ponto com temas de “Last Act of Defiance” como “DNC” e “Get Bronx”. 
“My Life”, ” Injustice System”, do punk rock de “Santuary” ao peso quase Sabbathiano de “Machete”… Não faltaram grandes momentos numa setlist que agrada tanto os fãs mais old-school como o mais novos.

Um dos melhores foi curiosamente com a vocalista dos portugueses Same Old Chords (Márcia), a concretizar o sonho de cantar em palco com os históricos da cena HC mundial. Já tinha aquecido a voz no concerto de Angel Du$t mas desta vez tomou o palco, sem medos, conquistando-o de forma bruta e eficaz.
Sem surpresa “Step Down” fora o melhor momento de toda a performance. Os anos passam mas o efeito desta música perdura. O two step tornou-se contagiante mais uma vez.

Um hino do NYHC que atravessa gerações como dificilmente se verificará com algum exemplo de metalcore que ande por aí.

Como já é hábito, “Scratch the Surface” foi antecedido por um Wall of Death demolidor dando início a uma recta final que neste meio se pode considerar como sendo de luxo. No entanto para a memória ficam alguns incidentes que poderiam ter borrado a pintura de uma noite que estava a correr bastante bem.

Nos últimos acordes de “Build to Last” um crowd-surf mal planeado derrubou o vocalista para fora do palco, criando uma certa confusão e que por breves momentos lançou alguma tensão no ar. O desagrado da banda foi claro mas deram continuidade ao concerto que já estava no seu final. “Us vs Them” apesar de cantado em uníssono perdeu o hype que estava a ser criado na sequência anterior. O sing along que era suposto ser feito em festa perdeu-se numa simples demonstração de profissionalismo da banda ao manter a setlist até ao seu final.
(c) Tiago Lisboa // Ruído SonoroCompreensivelmente a despedida não fora tão calorosa como se desejava. Pouco depois a coisa descambou em algum público havendo algumas cenas de pancadaria que pouco abonam a favor destes eventos. Desconhecemos se o que aconteceu em palco estaria ou não na origem dos confrontos. No entanto há que ter noção que muitos dos presentes, que nada tinham haver com o assunto, vieram de um dia de trabalho ou de aulas (que se repetiriam no dia seguinte). Alguns deixaram família e filhos em casa; abdicaram de parte dos seus orçamentos para investir nestes momentos. Poderiam ter ficado em casa, sentados num sofá a ver concertos em 1080p, no entanto não o fizeram. São eles que sustentam o meio e se eventos destes acontecem é porque existem promotores como a Hell Xis com coragem de arriscar por conta própria e público que sai de casa quando é preciso. Acima de tudo temos que respeitar estas pessoas. São elas que tornam isto possível. Este tipo de cenas pode limitar ainda mais o nosso underground. Quer nas salas, nas bandas como até mesmo no público que por vezes escasseia. Ao agirem assim apenas perpetuam estereótipos, estigmas e preconceitos.
Que vingue a virtuosidade de lemas como “Support Your Local Scene” e “Do It Yourself”, tudo o resto que fique à porta.

Os eventos HellXis regressam à Rep. da Musica no dia 27/05, com The Exploited, The Adicts e Atentado

Texto: Tiago Queirós

Vídeos : onmyway2route666 (mais videos neste canal do Youtube)
Agradecimento especial ao Tomás Lisboa / Ruído Sonoro pela cedência das fotos acima. Podem encontrar toda a foto report aqui.
 

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