[Report] Tarja Turunen, The Shiver e Sinheresy @ Aula Magna, Lisboa

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Terceira passagem, a solo, da diva do metal Tarja Turunen por Portugal, terceira vez que a Aula Magna abre portas para a receber, desta feita para promover o mais recente álbum The Shadow Self. A missão de abrir a noite festiva coube aos italianos The Shiver e Sinheresy.

Foi com pontualidade e com a sala ainda muito despida de gente que os rockers The Shiver iniciaram a sua actuação.

Numa noite destinada ao brilho feminino, foi a vocalista Federica Faith Sciamanna que mais se destacou com uma grande entrega e emotividade na sua voz versátil, melódica mas capaz de pontuais rugidos que fizeram estremecer a sala, demonstrando também domínio dos instrumentos fosse a tocar guitarra ou teclas.

Os seus Riffs foram chamando mais público para o auditório da Aula Magna e conquistando aplausos, de tal modo que a terceira canção ‘The Fragile Sound’ arrancou sobe o impulso do público através desses mesmos aplausos, recompensando assim a entrega em palco, ainda que a banda se demonstrasse um pouco mal entrosada, faltando alguma harmonia aos músicos, fazendo com que por vezes os instrumentos parecessem desencontrados.
A setlist curta, permitiu uma pequena caminhada pelos mais recentes álbuns A New Horizon e The Darkest Hour, antes da agradável cover dos Joy Division com o tema ‘Love Will Tear You Apart’, muito bem recebido. A banda terminou a actuação com um instrumental, sendo aplaudida ao sair de palco.

Pouco depois seria a vez dos Sinheresy pisarem o palco, e desde logo se percebeu o foco na teatralidade por parte do grupo, fosse pela maneira como entraram em palco ou pela forma coreografada como todos se movimentavam durante as musicas. O baixista Davide Sportiello e o guitarrista Lorenzo Pasutto foram ao livro buscar todas as poses para tocarem as cordas e “posaram para as fotografias” durante todo o espectáculo.
Começaram pelo único álbum editado Paint the World de 2013, com o tema ‘The Gambler’ sofrendo alguns problemas de som ao nível da bateria e da voz, que rapidamente foram corrigidos. Os presentes, com mais ou menos entusiasmo, aderiram facilmente ao metal sinfónico da banda e responderam aos seus apelos, enquanto estes apresentavam mais um tema do álbum de 2013, ‘Break Point’. Seguiu-se um tema novo ‘Without a Reason’ muito bem recebido, apontando a direcção que a banda deve seguir no futuro, menos recheado de influências que tornam a sua música pouco definida. Este assenta num claro metal sinfónico, dando espaço e liberdade para Cecilia Petrini soltar a sua bela voz e encantar a plateia, conquistando assim uma parte do público, contribuindo para uma segunda metade de actuação com maior comunhão dos presentes. Assim quando os as últimas notas do último tema ‘Temptation flame’ do EP The Spiders and the Butterfly se fizeram ecoar no auditório, grande parte dos corpos se ergueram para aplaudir e se despedir do grupo.
O nervosismo miudinho que todos aqueles que ansiavam por ver e ouvir uma das vozes femininas mais icónicas da história do metal traziam consigo quando entraram na sala adensava-se e apoderava-se dos mesmos com o aproximar da hora em que a finlandesa Tarja Soile Susanna Turunen Cabuli e os seus músicos pisariam o palco. 
De tal modo que quando a intro começou a fazer-se ouvir explodiram instintivos aplausos e gritos por toda a sala. A primeira vez que a voz irrompe apercebemos-nos que estamos a presenciar algo especial, há algo de único que floresce a cada verso e que torna profundamente devota uma plateia composta por um conjunto de pessoas diversificado, oriundo de vários espectros do rock ou metal e ate mesmo fora deste universo musical.
Em concerto inserido na promoção do álbum The Shadow Self não foi de estranhar o grande foco no mesmo, tendo este sido tocado quase todo, iniciando mesmo o espectáculo por ‘No Bitter End’, tema que se mostrou ser já bem conhecido dos presentes, que enchiam a sala e que reagiam a qualquer gesto vindo do palco. Tarja dançava e com ela dançavam os corpos que se levantavam das cadeiras, alguns para nunca mais se sentarem. Seguiu-se ‘500 Letters’ e o público emprestava a sua voz e acompanhava Tarja que se mostra muito empática e agradecida, cumprimentando os mais próximos, saltando, dançando sem nunca prejudicar um desempenho vocal excelente. A seu lado, rodeiam-na músicos experientes que interpretam com tremenda competência todos os temas, que findados são sempre brindados com um coro de aplausos, com parte da plateia de pé, numa tremenda demonstração de satisfação de todos, espelhada também no rosto de Tarja.
Foram desfilando temas dos álbuns Colours In The Dark e The Shadow Self antes de um saudável momento nostálgico onde se viajou até alguns temas dos Nightwish. Seguiu-se uma sequência acústica que apesar de alguns problemas de som na percussão, levantou a sala assim que ‘I walk Alone’ acabou de ser interpretada. De volta ao som eléctrico, seguiu-se ‘Love to Hate’, ‘Victim of Ritual’ e ‘Too Many’ antes do encore.
Com a sala inteira de pé, aos gritos para receber o encore, tocaram ‘Innocence’ do último álbum, depois viajaram até 2007 ao álbum My Winter Storm e tocaram ‘Die Alive’ e até 2010 com o álbum What Lies Beneath para finalizarem com o tema ‘Until My Last Breath’, dois temas especialmente acarinhados pelos fãs, perante um público completamente rendido, que não queria arredar pé, conquistado que conquistou também o grupo que por seu lado também não parecia querer dar por finalizada a noite.
Muitos anos passados desde que saiu dos Nightwish, Tarja Turunen construiu o seu próprio caminho, foi capaz de preservar fãs e conquistar novos, ganhar um nome seu e imortalizar-se, garantindo uma carreira sólida e uma relação ainda mais sólida com o público que é seu. A Aula Magna aguarda pela quarta visita.



[ACTUALIZAÇÃO 14/11] Fotos de The Shiver e Sinheresy, bem como podem visualizar os vídeos do canal YT de Paula Granada aqui:

Texto: Henrique Duarte
Agradecimentos: Prime Artists

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