Dia 2, 08.08.2015: Venom | Black Label Society | Triptykon | Destruction | Mutant Squad | WAKO | Filii Nigrantium Infernalium
A noite anterior fora pouco propícia a excessos e bem cedo tal se comprovava pela zona de campismo. Os festivaleiros acordaram cedo, o calor nas tendas assim o obriga, e invadiram por completo as imediações da Quinta do Ega.
A indumentária predominantemente negra fez-se notar pelos cafés e supermercados a par dos sorrisos da população local que nos recebeu de braços abertos.
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Mais uma vez os Bombeiros prestaram ao festival um autêntico outsourcing de luxo, quer com os banhos, WCs e refeições apenas low-cost no preço de venda ao público.
Engane-se quem ainda está convencido que ser metaleiro é sinónimo de discriminação… Naquela terra, pelo menos, se ela existe é pela positiva! Sabe bem ser assim tratado.
O vento deu poucos sinais de abrandamento e as nuvens fizeram temer o pior por breves momentos. A visita à bela praia da Vagueira teve de ser adiada…
E porque Vagos não é feito só de concertos, o espírito de confraternização fora materializado na forma de brindes pela tarde fora. Trocaram-se impressões sobre o dia anterior e perspectivou-se o que estaria pela frente.
O segundo dia de festival não fora nada menos do que um dos dias mais completos e consagrados da história do Festival, arrasando da memória o défice deixado no dia anterior.
WAKO
Reposta a normalidade ao nível do horário, por volta das 17h, numa pontualidade evidente, os WAKO, ou We Are Killing Ourselves se preferirem, entraram em palco como um autêntico furacão de nível 5.
Durante meses anteciparam aquele momento, deixando bem claro o que ele significava para a sua carreira. Finalmente tiveram a oportunidade de pisar o palco mais sonante do metal em Portugal. Demorou mas nada se perdeu no entretanto, pelo contrário, acumularam experiência, energia e robustez.
Entraram com uma atitude dominante desde o ponto 0, com a fiel companheira “Abyss”. Nuno Rodrigues espelhou bem a vontade de vencer mais um título para os WAKO.
Foram diversas as vezes que a Songs for the Deaf Radio assistiu aos seus concertos e nunca saímos desiludidos com as suas performances. Celebrámos o seu 10º aniversário e aplaudimos de pé o concerto que deram no Moita Metal Fest este ano. Sabemos como se comportaram nas grandes salas como o Coliseu dos Recreios, Paradise Garage, RCA e República da Música, assim como nos mais diversos festivas (quem se lembra do Ilha do Ermal 2009?) e por isso nunca nos surpreendemos quando sentimos o pulso do público e estes nos dizem que são uma das grandes bandas nacionais. São, sem dúvida alguma.
Os grandes concertos não começam à terceira ou quarta música, e para uma banda de abertura o grau de dificuldade é acrescido nesse aspecto. O público ganha-se atacando forte e feio logo de início.
“Eternal Spiral” fez surtir o primeiro coro do dia, sem dúvida um dos temas chave da (demasiado) curta discografia dos WAKO e que fechava a pequena amostra de Deconstructive Essence. Daí para a frente a aposta incidiu em Road to Awareness que faz já quase 5 anos e continua a criar estragos como assim fora em “Ship of Fools” e “Extispicium” tendo direito a um dos maiores Wall of Death desde que foi escrita e composta. O carismático vocalista aproveitou para fazer um pouco de crowdsurf para delírio da WAKO Army que se fez presente em peso. Largaram o conforto de uma sombra pelo caos de um mosh pit. Com fãs assim não custará a chegar aos 20 anos de carreira.
A bateria, agora a cargo de Marcelo Aires, está cada vez mais “pesada” fazendo estremecer tudo com um final épico ao som de “Drifting Beyond Reality” e “The Shadows Collapse Within”.
Não só a melhor prestação nacional de 2015 como possivelmente a melhor que há memória do V.O.A.
Mutant Squad
Da Galiza vieram os thrashers Mutant Squad com o seu power trio que já nos tinha convencido noutras paisagens. Os espanhóis, como temos vindo a referir nos últimos tempos, têm em mãos uma metal scene muito promissora e neste festival já nos tínhamos rendido aos Angelus Apatrida e Vita Imana (prémio Revelação 2014) pelo que não seria de estranhar se tal se repetisse com estes jovens amantes dos riffs clássicos que teimam em não perder o prazo de validade.
A mistura no álbum de estreia Titanomakhia foi feita pelo “nosso” Daniel Cardoso, o homem com toque de Midas, mas ao vivo os temas fizeram-se sentir limitados pelo número de elementos. Uma segunda guitarra era tudo o que bastava mas são opções.
Não deixaram de nos brindar com muito boa disposição e frente ao palco não cessaram as hostes com circle-pits contínuos e de crescente dimensão.
“Overdose” foi o ponto de partida mas foi com “Rage of the Ohms” e o single “Mutants Will Rise” que alcançaram o pico do seu set que passou num ápice.
Os kms que estes rapazes fizeram para terem direito a pouco mais de meia-hora deste palco tem de ser algo a valorizar.
De qualquer forma lançaram a notícia de um regresso em primeira mão, confirmando a presença no próximo Mosher Fest.
Destruction
Os Destruction, um dos grandes nomes do thrash teutónico e um clássico do metal europeu, eram um dos nomes mais aguardados pela velha-guarda de colete de ganga. A par dos Kreator (headliners na edição 2014), Tankard (Moita Metal Fest’16) e Sodom, a banda de Marcel Schmier é considerada uma dos Big 4 do Thrash Alemão, em paralelo aos famosos Big 4 norte-americanos.
Estes conceitos que são meros golpes publicitários não fazem jus à distinção do Thrash praticado nas margens do Atlântico (se bem que no caso norte-americano chega mesmo ao Pacífico) e podem, inclusive, levar a audiência em erro.
O som dos Destruction é o mais puro, cru e sujo thrash, nascido do berço do speed metal e teimoso desde os anos 80. Não muda por vontade própria e a pedido dos fãs assim permanece.
Aos primeiros acordes começaram a chover corpos e rapidamente perdemos a conta ao número de crowdsurfers. A nuvem de pó gerada pela corrida continua de centenas no mosh-pit impedia uma boa visibilidade do palco. O cheiro a suor e cerveja derramada fez com que por mais de uma hora fossemos enganados pelos sentidos: ali estivemos, algures entre 1985 e 1991, a curtir a mais espontânea metalada.
A setlist incidiu nos álbuns clássicos para agrado dos mais exigentes fãs do género que apaixonou milhares e que continua a servir de porta de entrada para muitos dos recém-chegados ao mundo do metal.
“Curse of the Gods”, ainda dos tempos em que jogavam como trio (só com uma guitarra) serviu de tiro de partida de uma das sessões mais aceleradas de todo o dia (e de todo o festival). De pedal a fundo percorreram a triologia de honra: de Eternal Devastation (1986) não faltou “Eternal Ban”, de The Antichrist “Thrash Till Death” e “Nailed to the Cross” e do álbum de estreia Infernal Overkill, o mais privilegiado, passaram pelos clássicos “Death Trap”, “Tormentor” e “Bestial Invasion”.
É certo que “Carnivore”, que fez retornar os Destruction à ribalta com o seu vídeo de relativo sucesso, não faltou mas os picos foram feitos pelo talhante mais temido da metalada.
Como Eddie está para Iron Maiden e Vic Rattlehead está para Megadeth, “Mad Butcher” está para estes thrashers alemães. À falta de parafernália que permita os actos teatrais que os primeiros nos habituaram estes simplesmente debitam os riffs que todos esperámos para ouvir.
A sessão acabou, não numa galáxia distante ( far, far away..), com “The Butcher Strikes Back” para delírio dos fãs e para mais uma grande sessão de mosh para os mais enérgicos.
Se Annihilator, na edição anterior, obtiveram um bom resultado com uma demonstração de “como envelhecer”, os Destruction conseguiram-no com uma sessão revivalista incessante e explosiva.
Triptykon
Um dos maiores “pedaços” de história a marcar presença em Portugal este ano foi sem dúvida o senhor Tom G Warrior. Um dinossauro, no bom sentido entenda-se, que faz parte integrante da enciclopédia do metal, não só europeu como mundial.
A ele devemos agradecer tamanhos ícones como Hellhammer e Celtic Frost, indispensáveis na formação do público mais experiente e de qualquer um que queira aprofundar as origens do vasto universo da música pesada.
O seu mais recente projecto, Triptykon, teve Barroselas como testemunha das suas primeiras pisadas pelos palcos deste mundo (algo que o vocalista fez questão de relembrar) e o carinho perdura desde então.
Sem darem continuidade ao ritmo alucinante dos primeiros concertos do dia, foi no peso que centraram esforços. O som bem mais trabalhado e detalhado que no do dia anterior permitiu que os efeitos das suas composições fossem concretizados. A envergadura sonora que marca toda a carreira de Warrior está cheia de elementos Doom-escos mas que ao contrário do que por norma verificamos, não há assim tanto de Sabbath como por norma automaticamente assumimos. Há um cunho muito pessoal e esta banda nunca escondeu ser a materialização do que projectou para os Celtic Frost e que nunca fora concretizado com o término da mítica banda.
Morbid Angels em 1984 não foi uma luz ao fundo do túnel, pelo contrário, tornou o metal escuro e sombrio. Merecedor dos pesadelos que possa ter criado. Um álbum realmente extremo para a época e que ainda hoje faz estragos. Nunca foi na velocidade que o metal realmente escandalizou alguém, fora na intensidade. “Procreation (Of the Wicked)” é um exemplo claro disso mesmo e foi assim que abriram um dos melhores concertos do Vagos Open Air 2015. O Black Metal está hoje, quase estritamente, relacionado ao imaginário nórdico mas o sentimento parte daqui. “Isto é Celtic Frost!!” – ouviu-se um pouco por todo o lado.
Também Mega Therion, outro dos álbuns obrigatórios dos Celtic Frost, fora relembrado por dois momentos: “Circle of the Tyrants” e “The Usurper”.
Engane-se o leitor se por esta altura pensa que este fora mais um daqueles concertos em que se vive à conta dos royalties do passado. Os Triptykon podem só ter dois álbuns mas ao vivo demonstraram bem o porque das críticas positivas. Curiosamente, de Melana Chasmata, último álbum lançado em 2014, apenas “Tree of Suffocationg Souls”, um dos melhores temas, e “Alter of Deceit” fizeram parte do alinhamento. De resto, Eparistera Daimones esteve bem representado com “Goetia”, “Abyss Within My Soul” e “The Prolonging”. Música transportada por camioes-TIR que atropelou uma multidão que não arredou pé perante tamanho nível de hipnose.
A brutalidade com que Vanja Slajh atacou o baixo fez disparar a sismologia local.
Ao longe o headbanging vagaroso e sincronizado poderia fazer crer numa autêntica seita.
Nem Hellhammer ficou de fora: “Messiah” levou-nos às origens.
Sem dúvida o melhor Sunset do ano. Fiquem lá com os gins tónicos que nós brindamos com cerveja e hidromel. E que se lixem as dores de pescoço!
À segunda vez que os Black Label Society vieram tocar a Portugal conquistaram de vez o nosso público com um concerto bastante oleado e polido. A máquina funcionou perfeitamente e o povo saiu satisfeito. Foram muitos os estreantes em Vagos que vieram de propósito para ver a turma de Zakk Wylde ao vivo e não deram o seu dinheiro por mal gasto.
A SFTD Radio assistiu ao concerto que a banda deu em Espanha no mês anterior e pode-vos garantir que nuestros hermanos não ficaram melhor servidos.
O famoso guitarrista e frontman dos BLS é uma rockstar mundial, inquestionavelmente, sendo recorrente tê-lo como capas de publicações tão prestigiadas como Guitar World ou Metal Hammer. Cada passo que dá parece uma nova pose para a fotografia. Star quality, diriam aqueles senhores dos programas televisivos de domingo à noite. O nível técnico é invejável, mesmo que os guitar geeks possam referir dezenas de exemplos, a seu ver melhores, a verdade é que todo o show passou pelas sucessivas demonstrações de que isso pouco importa. Os seus licks são, tal como as suas guitarras, características e traços de personalidade própria do artista, algo que nem todos se podem dar ao luxo de afirmar.
Não é qualquer um que pode afirmar ter pertencido a uma das melhores formações da banda de Ozzy Osbourne (a solo) quando Randy Rhoads por lá passou e alcançou um estatuto no mínimo divino.
No que toca a criar música, Zakk peca em alcançar um trabalho discográfico realmente marcante na história do Rock/Metal. Tirando alguns exemplos de composições, que podemos encontrar isoladamente nos seus álbuns, o guitarrista nunca escondeu que é nas seis cordas que deslumbra e o público nunca lhe pediu mais do que isso.
À falta de hinos (em quantidade) não falta a noção de palco nem de como montar um verdadeiro concertão.
A buzina serviu de alarme. O bombardeamento estava iminente. O palco, ainda vazio e despido da parede de amplificadores Marshall que por norma serve de pano de fundo (nós sabemos que não passam de adereços), tornou-se rapidamente no centro de atenções dos milhares de festivaleiros. “Whola Lotta Sabbath” serviu de introdução, numa mistura de Jimmy Page com Tony Iommi e Ozzy que espelha bem as influências do que estávamos prestes a assistir.
“The Begining…At Last” foi o primeiro tema da setlist que percorreu os melhores momentos de quase duas décadas de existência dos Black Label Society. Uma entrada, retirada do primeiro álbum (Sonic Brew) que era tudo o que se desejava: puro rock’n’roll.
Hoje a fome de catalogar tudo adjectiva-os de Southern Rock/Metal mas no fundo isso pouco importa quando se está de (air)guitar(ra) na mão sem falhar um riff.
John DeServio lutou pelo spotlight com o seu estilo solto que faz dele um percussionista de guitarra-baixo, um pouco ao estilo de Fieldy (Korn) espante-se!
Ao segundo tema atacaram uma obrigatória no repertório: “Funeral Bell” deixou bem clara a boa disposição de Wylde que sucessivamente puxou pela audiência de punho em riste sem no entanto dar sossego à palheta.
Sem qualquer surpresa, foram temas como “Bleed for Me” e “Suicide Messiah” que agarraram a multidão e deliciaram o clube de fãs português que veio em peso.
O álbum mais recente, Catacombs of the Black Vatican, não deixou de ser apresentado com “Heart of Darkness” e o seu q.b. de Led Zeppelin, mas fora “My Dying Time” que arrancou os maiores aplausos num jogo de sentimentos pouco comum neste festival de peso. Tal melancolia não fora única e “Angel of Mercy” tornou-se arrepiante.
Um dos temas mais esperados da noite era outro em tom de balada, “In This River”, escrito de forma a homenagear o malogrado Dimebag Darrell que tantas saudades nos deixou. Trocando a guitarra pelo piano, o virtuoso guitarrista optou por nos brindar com uma versão do tema com algumas alterações na métrica impedindo o público de fazer parte de um momento que se queria um pouco mais especial. Tal não impediu, no entanto, que a lágrima no canto do olho surgisse em muitos de nós. Tocou no nervo como não há memória a Quinta do Ega.
“Concrete Jungle” e “Stillborn” fecharam, da melhor forma possível, um concerto super completo. Ultrapassaram em larga medida o que tínhamos presenciado no mês anterior e por consequente as expectativas que lhes tínhamos guardadas.
Foram, possivelmente, a banda mais mediática no curriculum do festival e o orçamento gasto deve ter sido proporcional mas, pelo que assistimos, renderam todos os centavos.
Venom
Uma das maiores dúvidas para este dia residia na forma de Cronos. Os Venom são um nome clássico da música pesada (todo o dia fora uma lição de história) mas que face às sucessivas rupturas nas formações foi perdendo o encanto ao longo dos anos.
Numa altura em que os Venom Inc. têm já data marcada para o RCA Club em Lisboa, num futuro próximo, a ideia que perdurava no ar era que o showbiz corrompe tudo e todos…
As “guerrinhas” dos direitos comerciais que já nos fomos habituando com nomes como Sepultura e Entombed por norma dão sempre resultados negativos na óptica do público e , infelizmente, essa realidade não escapou a um dos maiores ícones do New Wave of British Heavy Metal que, quer pela sonoridade como pelo imaginário que criaram, deram origem a novos sub-géneros e enriqueceram esta cultura tão própria.
O termo Black Metal, que cunharam de forma perpétua, pouco ou nada se enquadra com as características sonoras a que hoje lhe reconhecemos mas sem eles os já citados Hellhammer (a par de muitos mais), provavelmente, não seriam os mesmos.
A triologia Black Metal, Welcome to Hell e At War With Satan que remota à primeira metade dos anos 80 só por si sustenta bem toda a carreira desta lenda do metal. Apesar de omitirem o último referido, para nosso êxtase foram clássicos atrás de clássicos numa sessão best of que nos ofereceu de tudo um pouco: dos mais recentes “Rise”, que abriu o concerto, e “Long Hair Punks” do fresquinho From the Very Depths às muito esperadas “Welcome to Hell” e “Black Metal”.
“Lay down your souls to the Gods Rock’n’Roll” é das frases mais marcantes de toda uma carreira e só por si já valeu o bilhete.
O nível não baixou e a recta final deixou bem claro que se primeiro ganharam pela surpresa estariam por esta altura a lutar por um lugar cimeiro no Top Vagos 2015: “One Thousand Days in Sodom”, “Countess Bathory” e “Warhead” foram uma sequência de eficácia extrema no momento de requisitar encore.
Ninguém ficou indiferente à actuação deste trio.
Dante, o baterista, ficou isento de percorrer os sete círculos do inferno. A comédia ficou para depois mas divino pode bem adjectivar o trabalho que empregou na percussão. Uma autêntica fábrica de sinergia que obteve resultados claros no tal público à partida desconfiado.
“In League With Satan” e “Witching Hour” a fechar. O que mais se podia pedir? Xutos?
Filii Nigrantium Infernalium
A última banda do certame serviu, no mínimo, de after-hours pouco convencional. Se a lógica ditava que por volta das duas da manhã faltassem as energias (e de facto muitos cederam) a realidade é que os que ficaram primaram pela boa disposição naquela que fora a noite dos (pouco) saudáveis excessos.
Belathauzer, líder dos Filii Nigrantium Infernalium, espelhou isso mesmo em palco com uma dose de humor muito própria que não fora do agrado dos mais conservadores mas que arrancou gargalhadas nas primeiras filas. “Boa noite Lagos!” foi uma das frases marcantes dos ícones do Black Metal nacional que sempre deixaram bem claro que não seriam meras réplicas do que se faz lá fora. Necro Rock’n’Roll, como definiram a sua música, define bem o que pudemos assistir. Os seus concertos são autênticas raridades e hoje em dia o seu culto é muito underground. No entanto a sua carreira é já longa e se tiramos o chapéu a nomes como Moonspell e Decayed (cada um à sua escala) também temos de incluir estes rapazes nesse leque.
Ainda extasiados com o concerto anterior, “a melhor banda do mundo” nas suas palavras, atacaram a morbitude das suas composições, regadas de pecado e heresia, fazendo a vontade aos fãs.
Do mais recente Pornokrates: Deo Gratias ao clássico Era do Abutre não se ajoelharam perante falsos líderes: se ali chegaram foi pelos ecos do escuro submundo metaleiro que vêem neles ícones nacionais. Não é música para qualquer um, nem queremos que assim o seja.
Anteciparam a missa na já madrugada de Domingo. Beberam o sangue de Cristo ao litro e ainda atordoados com tamanha benção perfuraram-nos os ouvidos com a sua crueza.
No público ouviram-se apupos. A missão foi cumprida. A quem correu com eles do palco: sai de rectro Belzebu e que a ressaca te acompanhe.
Passados tantos anos ainda há quem não os compreenda… Essa é a sua sina.
O único sacrilégio que testemunhámos foi mesmo a curta setlist a que tiveram direito.
Texto: Tiago Queirós
Fotos: Nuno Santos (todas as fotos aqui: dia 1 | dia 2 | dia 3)
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