[Report] SWR Barroselas Metalfest XIX (Dia 1)

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Este dia começou mais cedo (às 17h) com uma das melhores revelações dos últimos tempos, os M.I.L.F aka Music In Low Frequenciesencabeçados‘ pela pequena/grande Mariana
Faísca
e vindos de Braga. 
Este trio uniu-se em 2011 precisamente depois de
juntos idealizarem esta banda num destes eventos em Barroselas, sendo que 5
anos depois cá estiveram, a mostrar o que valem.
A linda ‘pequena’
Mariana soltou o seu vozeirão e dominou o palco de forma a que deixou, logo nos primeiros acordes, o público colado como se fossem atingidos por um trovão. Uma
presença enorme, desta minhota, que inundou o recinto de expectativa e
interesse.
Foi a primeira de muitas
mulheres em palco neste evento. Diria até que houve uma particular diferença
este ano precisamente por isso, as várias mulheres presentes a atuar nestes
magníficos palcos proporcionando-lhes finalmente momentos de destaque e
brilharete na ribalta nacional e internacional.
Desfilaram os
temas do seu mais recente trabalho ‘Sowing
the Seed’
sem inibições e deram um concerto intimista que impressionou
todos pela positiva.
Podemos dizer
que se agregou um misto de empoderamento feminino neste evento, com as várias
participações ‘delas‘ com as suas
bandas e a sua beleza distribuída pelo público! Foi bonito de ser ver tantas
mulheres este ano, evidenciando o lado mais bonito desta Irmandade, não
obstante que a velha máxima dos metaleiros, feios, porcos e maus, também já não
existe há muito tempo, pois haviam também muitos e belos exemplares de
virilidade e beleza masculina. Um regalo!

A seguir tivemos
os REPRESSÃO CAÓTICA, representando
também o movimento crust/punk deste evento, foram entre muitas, uma das bandas
do género, que causou impacto imediato.
 A expressividade do vocalista com um
semblante ‘enraivecido’ elevou ao rubro o público que se pôs a dançar
animadamente em frente ao palco. Um belo concerto que se assistiu com o
regresso ao evento desta banda e com o seu mais recente trabalho na calha o ‘Esquema Forjado’, onde eles
pretenderam disseminar as suas ideias relativas ao mundo que está a
desmoronar-se em todos os sentidos à nossa volta, assim diziam as guitarras!.
Resultou em cheio e os temas, cantados pelo Gonçalo Costa, são temas bem
ligados ao degredo social que se vive nos dias de hoje. Nomes como’ Farsa
Eclesiástica’,’ Libertação Animal’, ‘Fábrica de Sonhos’, ‘Cultura do Medo’ ou
‘Vítimas do Ódio’ são letras e músicas dos temas que refletem como um espelho,
a indignação social destes tempos.
Um belo show!

No intervalo
regressámos a tenda para jantar enquanto alguns já se deslocavam à Dungeon para
assistir à missa negra liderada nos palcos principais por LUX FERRE.
Esta banda de
black metal trouxe o seu mais recente trabalho ‘Excaecatio Lux Veritatis’ e segundo os comentários, foram exímios
na homilía negra fazendo as delícias do público que assistiu.
Não é o meu
género musical favorito, mas pelas reviews e dissertação dos comentários nas redes
sociais mereceram o seu lugar aqui. Assim sendo, têm com certeza o nosso apoio,
como banda nacional.

Seguiram-se os WEB e por esta altura o assador ainda
queimava e ao longe podia ouvir-se a euforia do público que acarinhava esta
banda vinda do Porto como se fosse da família! 

Os músicos já andam juntos nesta
estrada de sucessos há 3 décadas e representam uma história que todos nós
devemos lembrar, visto terem sido uma das bandas que abriu caminho para muitas
que hoje vão surgindo, em Portugal. 
Tiveram uma participação especial do Miguel Inglês, vocalista dos Equaleft e a sala que, segundo comentários, esteve a
meio gás foi o suficiente para estes bem humorados músicos darem speed nas
guitarras e um bom show!
No o seu estilo
thrash/doom/progressivo
encantaram com o seu mais recente trabalho ‘Everything Ends’ e entoavam-se no
camping em coro as músicas mais antigas como ‘Mortal Soul’, acelerando assim os
ânimos para voltar ao recinto e continuar a saga dos Steel Warriors como
mandava a tradição.

Naðra (leia-se NADRA) são uns Islandeses que
por cá estiveram e trouxeram mais uma omilía negra, com o seu nome que
significa ‘vibora‘! Este projeto deu
origem outro a já conhecido e que tocariam na mesma noite e também na Dungeon, os
MISTHYRMING.
O som dos Naðra é um black metal mais old school
e a banda lançou este ano dois trabalhos, o EP ‘Forn’ composto por duas faixas,
Forn
que significa ‘antigo‘ e ‘Fórn‘ que
significa ‘sacrfício‘. O vocalista, rugindo e gritando acompanhado de um
blast-beat tempestivo parece demonstrar neste trabalho, tanta dor e angústia
expressando-o num canto irregular, juntando umas guitarras que uivavam cheias de
agressão e hostilidade. Um trabalho profundo e obscuro.  É uma música energética , bem executada, com
um compasso rapid-fire consistente, com a angústia e a agonia expressa, mas não
há contudo muito no black metal que sobressai para mim, com especial distinção.
O álbum ‘Allir vegir til glötunar’ ou “Todos os
caminhos para a destruição” é o 1º álbum de Naðra  com 3 faixas no side A e duas no side B, um álbum que marca a
expectativa criada em volta deste projeto. Uma das mais ansiadas pela tribo,
neste evento.
A cenografia tem
sido um registo em cada apresentação em palco, desde as vestes, às pinturas
negras na cara e braços, expressões corporais até ao jogo de luzes e decor das
bandas, foi um evento muito visual em que os músicos encarnavam os personagens
dos seus temas ou cumpriam o ritual da missa negra, com tudo o que o momento
merecia! Inclusive algumas performances teatrais brutalíssimas que falarei mais
à frente que com a ajuda e participação do público, cumpriram-se presenças
animadas!

De seguida
tivemos a banda surpresa da noite e mais uma vez com uma mulher como vocalista,
os SINISTRO
Enquanto muitos torciam
o nariz ou desconheciam totalmente este projeto com 5 anos, a vocalista  Patricia Andrade, pregou-nos de repente, a
todos, ao chão de coração aberto para ouvir cada sílaba dita, preenchida com
umas guitarras pesadíssimas, envoltas em melodias hipnotizantes… Um colosso
de emoção subiu ao palco e foi irresistível ver a banda portuguesa que nos
trouxe o seu trabaho, ‘Semente‘ e
alguns temas do seu 1º trabalho ‘Sinistro‘.
Deram um
concerto com o seu rock ambient/dark/Sludge/Doom/Post-Metal cheio de movimento
e música extremamente bem feita, com sonoridades electrónicas que fundiam os
sentimentos de espanto e a graciosidade obscura, que assistíamos em palco.
A expressão
corporal e da dança da vocalista enfeitiçava cada um de nós de uma forma
sublime. Os mais cépticos renderam-se com um sorriso quando Patricia entoa algumas
notas típicas de fado num dos temas de uma forma fria e dura, exprimindo-as nos
movimentos bruscos e dançando em mistério.
Nada nos escapou
daquele momento, daquele concerto, mas não saem as palavras certas para
descrever o que se viveu ali. Uma surpresa em todos os sentidos! Sei que andam
já pelo mundo a marcar presenças e cada uma delas trazendo novas aventuras e têm
sido incansáveis na estrada fazendo sucessos, mas quando soubemos que seriam os
substitutos de Aborted devido a um cancelamento de última hora, nunca pensámos
que nos iriam avassalar com tamanha qualidade! Muito bom concerto e uma banda a
seguir, sem medos!
Os músicos que
já estiveram/estão ligados a projetos como We Are the Damned ou Volstand, Atentado
ou F.E.V.E.R. criaram um estilo de música novo, carregado de brutal expressão
negra e são uma surpreendente lufada de ar fresco neste circuito! O temas
rasgando as lonas do recinto, ecoando com as vocalizações e guitarras doomescas
foram um arrepio cantado e dito em português, que provocou um movimento
pendular do público em êxtase!
Foi um dos
melhores momentos do evento, a presença dos SINISTRO, no SWR!

Altura para uma
pausa e digerir a música e mantê-la no ouvido. Fomos jantar. 
Entraram a seguir
os DEMENTIA 13 vindos do Porto com o
seu Death Metal e o seu mais recente trabalho e primeiro álbum, ‘Ways of Enclosure’ com temas que já são
um sucesso como ‘Brotherhood of the
Flesh e depois seguiu-se TAAKE
vindos da Noruega, o nome significa ‘nevoeiro’, uma banda já bem conhecida
desde ’95, que trouxe o seu fuzzy black metal e são sempre uma explosão em
palco.  
Trouxeram o seu último trabalho
gravado em 2014 o ‘Striden Hus’ e tocaram um dos meus temas favoritos ‘Det Fins
En Prins’ ou Existe um Príncipe’, referindo-se ao das trevas, claro está. Hoest adoptou no concerto uma posição teatral com os braços cruzados por detrás da
cabeça em representação do rei do mal, que vimos numa pintura de arte negra da
artista Tzara Penelope Sigalov-Heldt,
apelando à adoração maléfica do público que reagiu em êxtase e veneração, um
belo momento do show!
Parecem assustadores
e ‘do mal’ mas conseguem ser
cativantes, a sala estava cheia e com uma atmosfera intensa e o público reagia
a cada riff de guitarra ou palavra de Hoest caracterizado como um filho de satan, com um headbang
venerativo. É uma das minhas bandas favoritas do género.

Eu ia-me
juntando aos Steel Warriors e só voltamos às salas no final de HARK que nos chegam de Liverpool à
Dungeon, com o seu mais recente trabalho ‘Crystalline
em estilo Sludge/Stoner Metal/Rock e
preparam-se para um novo lançamento em breve. As gravações foram interrompidas
para virem a este evento! Veredicto final: Excelente Sludge/punk metal! Grandes
riffs! Regressámos ainda a tempo do último tema e ver as cabeças em profundo
movimento pendular e para absorver mais uma banda com as expectativas em altas
na Abyss, os DOOM.
Grande concerto
de DOOM ! Trouxeram-nos o seu mais
recente trabalho ‘Consumed To Death
com 5 temas que giram em volta de uma visão anti consumista e anti ganância
deste sistema corrupto a nível mundial. Palavras de ordem como’ Don´t bye!’ estão implícitas em todas
letras deste EP e gravações da voz de Obama e outros ‘malfeitores‘ deste sistema foram ouvidas, elucidando o público
desta ‘miséria‘ e apelando à rebeldia.
A voz rouca de
Denis acompanhada de uma batida punk crust arrebatou o público em turbilhão e
num cicle pit infernal. Impossível não dançar e juntar-se à festa que por esta
hora estava ao rubro!
Esta banda foi
formada nos finais dos nos 80, mas o falecimento do 1º vocalista devido a uma
crise epilética que obrigou-os a interromper a viagem mas regressaram em força
em 2010 e aí estão, vindos de Halifax, no Reino Unido e de Alingsås, na Suécia,
para conquistar o mundo em anarquia! Um dos concertos mais energéticos do evento!

MISTHYRMING sobem a palco já conhecido pelos
elementos deste agrupamento que pertencem também a NADRA de onde ‘descendem’ e já referidos mais acima.
É o regresso da
missa negra e mais um momento de oração satânica! Apresentaram o seu mais
recente trabalho de 2015 o ‘Söngvar elds
og óreiðu’
que significa ‘Canções de fogo e caos’ e o que define este som é
escuridão, sofrimento, caos e morte. Eu suponho que é justo tomar nota que as
bandas islandesas são notavelmente consistentes em qualidade e o isolamento
frígido e puro do lugar, desempenha bem o seu papel na estética típica do black
metal. Para a minha contribuição do diálogo crítico, eu poderia simplesmente
rotular MISTHYRMING  como uma banda ‘inovadora’ de Black Metal. É fácil confundir o
avant-garde e o ecletismo sem sentido, estes mudaram o ritmo para algo novo. A
grande parte do álbum é alimentado por um ataque frenético da banda em palco, com o
corpo pintado de negro, focando-se proeminentemente no dark ambient e é
seguramente um trabalho para ouvir com atenção do inicio ao fim. Um bom
concerto!

Cálices de
‘sangue’ entornados e seguem-se no Abyss os FREDAG DEN 13:E ou ‘Sexta Feira 13’, mais uma banda nórdica, vinda
da bela cidade de Gotemburgo, na Suécia. Voltámos o registo punk crust e ao corropio do público na
sala! Uma banda que já anda no circuito há mais de dez anos e que mudou
recentemente de vocalista com o abandono de Anders no passado mês de Março.
Trouxeram o seu
álbum gravado em Julho, o ‘DOMEDAGAR’,
que significa ‘ Dias de Julgamento’ com temas fortíssimos contra o fascismo que
tem vindo a crescer na Europa e que a banda deixa bem claro estar contra, com
guitarras rasgadas e animação pululante ao que o público se rendeu e
correspondeu com saltos e sorrisos divertidos, mesmo não entendendo uma palavra
do que se dizia! Uma combinação perfeita entre o black metal e o rock n roll
que resultou em cheio nesta noite.
Depois deste
exaustivo concerto regressámos à tenda e não vimos as duas últimas bandas que
subiram a palco na Arena.
Os portugueses VAEE SOLIS, também liderados por uma
mulher, a Sophia e que vinham apresentar o seu álbum lançado o ano passado ‘Adversarial Light’ e o seu mais
recente EP ‘Oppositional Lucent’ em
estilo Blackened Doom Metal, também não vimos SCUM LIQUOR, vindos de Lisboa com o seu Heavy Metal/Punk Rock e suas
últimas edições ‘Vicious Street Scum’
e ‘The First Live Vomit‘ ambos com o
som perfeito para o espírito brutalmente animado e alcoólico, que finalizou
esta noite!
Texto: Stanana
Fotos: António Gaspar (todas as fotos deste dia aqui)

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