[Review] Metallica 3D- Through the Never: mais olhos que barriga?

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Estivemos na ante-estreia do filme 3D dos Metallica, na passada segunda feira, na sala IMAX do CC Colombo e aproveitamos para deixar ficar aqui alguns apontamentos sobre este filme, tentando não spoilar demasiado. De qualquer forma vamos revelar algumas coisas que poderão encontrar quando se deslocarem aos cinemas, por isso leiam por vossa conta e risco:


Em primeiro lugar aconselhamos a fazer uma boa gestão de expectativas: este foi um projecto concebido para 3D e Imax, e apenas numa sala apropriada se pode sentir todo o seu esplendor. Em segundo lugar, não é bem um filme, nem perto disso. Há uma imberbe narrativa que liga (algumas vezes sem grande nexo) o desfilar de alguns temas incontornáveis da banda (interpretados ao vivo e gravados com mais alta tecnologia disponível): o jovem roadie (pelo menos diz que sim, na sinopse) interpretado por um sofredor Dane DeHaan (de Lawless e Lincoln) arrasta-se pelo ecrã sobrevivendo a todas as adversidades que se deparam no seu caminho, num tumultuoso cenário pré-apocalíptico, sendo que o realizador Nimrod Antál aproveita bem todo o aparato  disponível para criar os melhores efeito 3D e de impacto visual num ecrã IMAX. Bem espremida toda a narrativa talvez desse para uma curta metragem, o que é muito pouco.  Há duas ou três transições interessantes entre a história e o concerto propriamente dito, que não disfarçam a quase total falta de nexo causal nas restantes.
Mas é no concerto que temos o sumo deste “filme”. Se o comercializassem apenas com o título “Metallica ao vivo em 3D” estaríamos perante uma agradável surpresa, uma vez que é aqui que reside a mais valia deste trabalho. Pela primeira vez é possível aos fãs assistirem quase in loco a um concerto da sua banda favorita. Tecnicamente o 3D do IMAX é bastante mais suave (mais frames por segundo) do que o Real3D, sendo mais natural e confortável à vista. Ao nível do som, uma sobre-produção quase faz parecer que estamos a ouvir algo gravado em estúdio. Aliás não fosse uma falha do microfone do James no Ride The Lightning poderíamos ser levados a pensar isso. Em cima desta tecnologia assentou um dos concertos com mais garra que se viu à banda nos últimos anos, amparado por toda uma parafernália de acessórios de palco da qual já tínhamos vislumbrado algumas coisas em vídeos-promo lançados o ano passado pela banda, tal como a electrizante cadeira em Ride The Lighting, o cemitério de cruzes de Master of Puppets ou a Lady Justice em …And Justice For All. A Fuel foi abundante em fogo e explosões e houve também os caixões suspensos da World Magnetic Tour, enriquecidos com projecções holográficas.
A intro de One fica para a história das pirotecnias em concertos e no meio da Enter Sandman dá-se o caos completo em palco com chamada de paramédicos e tudo (nem digo mais para não estragar)
O filme (perdão, concerto) acaba com a primeira música da banda, Hit The Lights, em modo de despedida. Quando apareceram os créditos finais houve a tentação de perguntar “acabou, era isto?” E vá lá que fomos brindados com a excelsa “Orion” enquanto passavam os créditos.
Portanto e resumindo, grande concerto, mas péssimo filme. Os fãs de rock vão gostar do espectáculo, hora e meia de Metallica em grande. Os fãs de cinema estão na sala errada.
Antes da sessão privada teve lugar na área de entrada dos cinemas um concerto da banda de tributo Blackallica, que se esmerou em recriar alguns clássicos da banda, e que ainda conseguiu com que o público presente (e uns quantos curiosos) “batesse o pézinho” ao ritmo da música.
 
A actuação poderosa durou meia hora até ser interrompida, presumimos que por reclamação de outros lojistas do shopping, pois até no piso 0 ( os cinemas são no 3° piso) se ouvia claramente a banda 🙂
Marcaram presença na estreia alguma figuras conhecidas do nosso meio rock (membros dos Xutos e Pontapés, Moonspell, RAMP, Anarchicks e Miss Lava):

A estreia tem lugar no dia 26 de Setembro na mesma sala IMAX do CC Colombo e passará para as salas 3D no dia 3 de Outubro.
Em nota final queremos agradecer ao Lusatarium Portugal, sem o qual não teria sido possível lançarmos o passatempo que decorreu na semana anterior, nem assistir em primeira mão ao filme. 
Como nota pessoal queria referir que parece-me que os Metallica não saem muito favorecidos daqui. Se “Some Kind Of Monster” foi um (excelente) documentário crú sobre as vicissitudes da banda, aqui não me parece que tenham atingido o seu propósito. Ou a ideia inicial não era esta (espero eu) ou escolheram mal a equipe criativa. De qualquer forma, parece-me inequívoco que deviam estar rodeados de “bajuladores”, uma vez que ninguém lhes disse “o rei vai nu”, o que poderia ter melhorado em muito a obra. Autocritíca é também importante. Daí deixar a questão: tiveram mais olhos que barriga?

Vejam também algumas reacções de quem assistiu em primeira mão:

(autor : Ana Rita Santos para Sapo Vídeos)

Fotos/texto: Nuno Santos
Todas as fotos aqui:
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