Uma noite “Maldita(mente)” envolvente foi o que assistimos no passado dia 9 de Junho, no espaço Fantasma. Este local tem realmente primado pela variedade de bandas que por lá têm passado e pelo apoio às bandas nacionais. Juntando o ambiente descontraído, o staff simpático, a sua localização (Cais Sodré) e a presente homenagem aos amantes da música, temos aqui nesta “catedral” do Rock uma boa opção para umas noites bem passadas.
Nesta noite celebrava-se a apresentação do novo CD dos Inkilina Sazabra, o “Maldita(mente), contando com a abertura por parte de Capitão Américo e uma exposição de fotografia da SinVision Photography.
Uma casa bem composta esperava o Rock com nuances industriais com que a banda nos tem presenteado, expressado em português. Perto da 1 da manhã começaram a actuação, captando todos os presentes e envolvendo a atmosfera de poesia cantada, como se tratasse de uma narrativa sombria, arrepiante, cheia de suspense. O poder da palavra abrange temas como amor/ódio, vícios, dinheiro, prazer.
O empenho dos Inkilina Sazabra faz com que em apenas pouco mais de 4 anos já tenham um som de qualidade, maduro e característico, refletido nos actuais 3 discos. Aproveitámos então para conhecer melhor a banda e o seu novo trabalho através de algumas perguntas feitas a Pedro Sazabra, o vocalista:
Pedro Sazabra – Os Inkilina Sazabra tiveram ínicio em 2010. Tudo começou numa conversa em que disse ao Carlos Sobral que ia escrever novo livro, então ele lançou o desafio de musicarmos o livro, fazer uma edição livro/cd. Na altura o Carlos Sobral tinha um projeto solo que eu gostava bastante de nome Inkilina Morte. E assim foi feita na altura a parceria de Inkilina Morte com Pedro Sazabra, daí o nome agora da banda Inkilina Sazabra. Em 2011 é editado então o nosso 1ªAlbum a Divina Maldade que musica o livro Liberdade Obscuridade, na altura eramos só os dois, nem sequer podíamos dizer que eramos uma banda, só que a critica ao que fizemos começou a ser boa e tomamos a decisão de levar para palco as musicas, foi aí que entrou em cena o Paulo Dimal na teclas e o César Palma na guitarra. Hoje sim, podemos dizer que já somos uma banda virada para o palco mas na altura não. Neste momento nas composições já temos no pensamento que vão para palco as músicas, gostamos bastante do rock industrial, misturar instrumentos com maquinarias, assim como um forte cuidado com a escrita, a vertente literária é bastante importante nos Inkilina Sazabra que nos faz em termos de vocalização andar um pouco pelo spoken word. Somos consumidores desse género de bandas que se movem sonoramente com instrumentos e maquinaria, vocalmente pelo spoken word.
SFTD- Quando começou a preparação do “Maldita(mente)” ?
Pedro Sazabra – Já estava há muito tempo definido entre nos que um 2014 lançávamos novo álbum. Tínhamos editado o Divina Maldade em 2011, o Almas Envenenadas em 2012 e depois de em 2013 termos andado a dar concertos, sabíamos que 2014 era uma boa altura até para podermos renovar nossos alinhamentos ao vivo. No Verão 2013 foram lançadas algumas ideias para o disco, cada um em sua casa foi assimilando ideias até que em Janeiro de 2014 atacamos em força no álbum e em Abril estava pronto.
SFTD-Made in Portugal- Como se inspiraram para este novo disco?
Pedro Sazabra – Sonoramente tínhamos em mente fazer músicas mais ritmadas que nos álbuns anteriores. Nos álbuns anteriores havia algumas musicas que tem uma carga lenta e pesada. Digamos que neste queríamos algo rockeiro, com fortes riffs de guitarra e mais variação de voz. Já em termos de letras existiu um lançar de ideias ao encontro de desvalorizar o dinheiro. Esse causador de muitas infelicidades e depressões sociais em massa. O dinheiro é importante mas acho que se dá importância demais ao dinheiro. Depois existe também os temas que oscilam entre o amor e ódio, obscuridade. Gostamos de falar sobre as situações limite do foro psicológico, faz parte do ADN dos Inkilina Sazabra. (…) Gostamos de temas fortes psicologicamente, que agite psicologicamente. Os assuntos variam sobre o que mexe verdadeiramente com a felicidade, o amor, solidão, vícios decadentes, o quebrar psicologicamente, a festa, o prazer. E depois ao vivo quem nos viu sabe que os concertos são uma festa e no fundo é disso que gostamos, celebrar a vida, os amigos. Gostamos de um lado triste mas em festa, confuso mas desafio a verem-nos ao vivo.
Pedro Sazabra – O feedback tem sido ótimo. Quando terminamos o álbum sentimos todos muito orgulhosos e até comentamos entre nos que talvez alguma coisa mude com este álbum para positivo. E o facto é que quem já ouviu nos diz que este é o nosso melhor álbum. Não gosto de pensar muito nisso pois tenho um carinho enorme por todos os álbuns. Para já estou muito orgulhoso com o Maldita(mente), e o feedback tem sido muito bom, assim que saiu o videoclip de apresentação sentimos logo uma expectativa muito grande em torno do álbum.
SFTD Radio- A nível de agenda, o que têm para já programado?
Pedro Sazabra – Para já confirmado vamos estar dia 21 de Junho no Side B em Benavente e dia 5 de Julho no festival Viseu Rockfest. Existe algumas abordagens de outras paragens mas para já confirmados são esses. Somos uma banda de prefere dar poucos concertos e com boas condições do que andar a dar muitos concertos sem condições como deve ser, mais vale poucos mas bons. E depois o panorama alternativo não anda no seu melhor, a fase económica do país tem o seu efeito. E é preciso gerir isso para as bandas não darem tiros nos pés.
SFTD Radio- Como não podia faltar, esta velha questão… Que expectativas tens do panorama musical actual em Portugal?
Pedro Sazabra – Não sou de me iludir, e nesse campo os Inkilina Sazabra têm os pés bem assentes na terra, gostamos do que fazemos, das vivências que a música proporciona e é assim que olhamos para a música. Claro que queremos crescer como banda, chegar a mais publico, tocar em bons palcos etc. Mas não deixamos de olhar para o redor e ver quantas bandas alternativas vivem da música! Perdeu-se o hábito de comprar CDs. Muita da imprensa mais generalista está viciada em que vão lá sempre as mesmas bandas. Portanto da nossa parte queremos é continuar a tocar, conviver e conhecer pessoas brutais que apoiam verdadeiramente a musica e não se limitam a meter likes pelo facebook, A vida é feita com as pessoas que aparecem na nossa vida e é assim que se leva que contar desta vida, afinal, é só uma e passa num instante, o resto logo se vê. Como costumamos dizer entre a banda, siga. Temos o pessoal que nos apoia e imprensa que nos apoia, e é com esses que vivemos e estamos muito bem. Por isso mesmo fica aqui o agradecimento à Songs For The Deaf pelo apoio e excelente trabalho feito em prol da música. Para já queremos é desfrutar o Maldita(mente) e partilhar esse momento com os fãs de Inkilina Sazabra.
Fica aqui um vídeo dessa noite:
(mais fotos no nosso facebook)
Pedro Sazabra, voz e letras
Carlos Sobral, compositor e bateria
César Palma, guitarra
Paulo Dimal, teclas
Quanto a nós continuaremos a apoiar estes contos musicalmente contagiantes!
Texto: Inês Matos
Fotos/Vídeo: Nuno Santos
Leave a reply