[Report] 2º dia Rock no Rio Sado 2013 – NOIDZ + Kandia + The Fuzz Drivers + Dream Circus (c/ videos)

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O segundo dia de Festival era sem dúvida um momento de alto-risco na aposta da organização. De facto as bandas apresentadas não têm um estatuto mediático assinalável, e tendo a noção que a área geográfica não têm o poder de compra ou o nível demográfico lisboeta, parece impensável cobrar certos valores. Não se trata de descredibilizar o cartaz, mas apenas constatar como funciona o mercado de oferta e de procura.
À segunda viagem em busca do recinto verifica-se que de facto até seria bastante acessível com a devida sinalização.
O cenário encontrado num fim de tarde de sábado, que se queria de festa, foi no mínimo desolador. Muito poucas pessoas compareceram ao chamamento das bandas, da organização e do patrocinador.
A Songs for the Deaf Radio é leal para com o seu leitor, e não distorce a veracidade do factos e omitir é distanciar a realidade verificada pelos presentes no recinto.
O recinto encontrava-se demasiado espaçoso, digamos assim, quando os The Fuzz Drivers atacaram de forma realista a audiência. Era notória a vontade e ambição da banda em fazer daquele momento algo memorável, e de talvez criar uma rampa de lançamento para aumentar a sua base de fans e ouvintes. A desilusão inegável deu lugar a uma prova de profissionalismo puro. Tocaram para os curiosos como se tivessem num estádio esgotado, onde muito do imaginário Hard-Rock acaba sempre associado. A verdade é que este é um género musical historicamente ingrato para as bandas de segunda linha: todos se lembram de uns Led Zeppelin, de uns AC/DC ou de uns Guns’n’Roses com performances onde a máxima do Sexo, Drogas e Rock’n’Roll era levada ao auge de multidões delirantes pelo fenómeno épico em torno das suas composições. Guitarristas tornam-se lendas e vocalistas tornam-se sex-simbols. Nunca ninguém se lembra dos que ficaram pelo caminho.
Na síntese histórica do rock apagam-se da memória as bandas que nunca chegaram a este estatuto, o que nada se prende com a sua qualidade técnica ou com a sua capacidade de proporcionar um bom espectáculo. Quem realmente se diz um amante de hard rock têm de se desprender de pormenores e detalhes circundantes à música e ao espetáculo cénico.
Quem o fizer, tem nos The Fuzz Drivers um exemplo, raro, de uma banda que pratica um show de rock’n’roll clássico, como já não se faz.
Os anos 70 e 80 são relembrados na voz de Marcelo, o carismático vocalista de uma simpatia contagiante que se atreve na busca das notas altas onde as influências de grandes vocalistas e performers como o caso de Robert Plant e Freddie Mercury denotam-se, sendo do agrado do público.
As escalas de blues praticadas na guitarra, não escondem de facto a tendencia dos primeiros álbuns da banda de Jimmy Page.
Um concerto com tempo suficiente para atacar nos solos instrumentais, com destaque para o solo de bateria,  apimentado com uma interactividade que maior fosse o número de pessoas e teríamos certamente momentos encantadores de um bom concerto. Fossem outros os tempos, teriam certamente a sua dose de groupies.
O público foi presenteado com uma estreia:”Hail Mary and a Dollar“, assim como,“Rock’n’Roll” e “Dream on” foram covers que captaram as atenções em momentos chave, culminando no single “The Poet and the Thief“.
Do norte, e prestes a atacar a zona Centro-Sul, com este concerto e com a apresentação do álbum “All is Gone” no Santiago Alquimista em Lisboa já no próximo dia 21 de Junho, os Kandia subiram ao palco já com a primeira fila preenchida de fans que os apoiam incondicionalmente. Os mesmos que proporcionaram o lançamento deste novo trabalho da banda através do sistema de crowdfunding, cada vez mais em voga. Há solidariedade no mundo da música, mesmo sendo este um mundo por vezes cruel para os que a constituem.
No caso dos Kandia, o apoio constante denomina-se de Luminous Legion, que se demonstraram incansáveis, mesmo depois de tantos Km de viagem ( e outros tantos de volta), a cantarem não só os singles “Into Your Hands” e a mais recente “Scars“, como outros temas que compõem a breve discografia de uma banda que tenta romper no meio com uma fórmula de um rock fm com rasgos de peso, num ponto de encontro entre os tiques mais pop de uns Evanescence (numa fase inicial na carreira), ou até mesmo de uns Within Temptation, com o peso de uns Lacuna Coil sem se despersonalizar da carismática vocalista Nya Cruz, a alma da banda em palco.
A duração do concerto, mais uma vez, permitiu que se demonstrasse grande parte do material produzido, o que poderá ter sido um belo teste para verificar a reacção do público a certos temas, como o caso da cover de Deadmau5, um artista bem fora do registo, com o hit single ” Raise Your Weapons“.
O público caiu nos encantos do esforço contínuo da vocalista em manter um concerto credível, mesmo perante uma plateia onde alguns dos presentes pareciam perdidamente regados a álcool e que de certa forma importunavam quem realmente desfrutava dos concertos. A classe esteve sempre presente em palco, e a entrega em “Hold on to You” é mais do que prova disso mesmo.
Destaque vai também para a presença de Daniel Cardoso no Baixo, nome que podemos associar não só à produção deste álbum como a outros tantos, já clássicos do metal nacional, não pondo de parte o  seu recente ingresso como teclista dos Anathema.
O grande nome deste cartaz no segundo dia de festival seria sem dúvida os Noidz com um espectáculo ambicioso, como sempre os caracterizou, onde mais uma vez não temeram subir a fasquia. Os Noidz são de outra galáxia e ainda não encontraram o sítio certo para aterrarem a título definitivo. Essa paragem estará guardada para os grandes palcos, e sobrevivendo mais uma vez, esta raça Lusitana, à crise que tanto nos afasta da cultura, e os Noidz tomarão proporções incomparáveis no nosso país.
Os caminhos da Songs for the Deaf Radio tinham-se cruzado com os da banda de Rodrigo Leal no Ritz Clube, aquando do lançamento do novo álbum, e na altura a dimensão física do espaço limitou a sua performance. Em Setúbal denotou-se uma realidade oposta mas nada surpreendente – um concerto onde o peso industrial se aliou a um espectáculo multimedia. Os músicos viraram actores de uma peça que agrada não só aos gregos da electrónica como aos troianos no metal, chegando a públicos muito mais diversos graças formula abrangente e eclética que apresentaram mais uma vez em temas como “Sonic Boom“. Um exemplo de um show raver que não destoa de uns Prodigy, com direito a uma descarga de pirotecnia que aqueceu a noite e catalizou um público bem mais composto que o dos exemplos anteriores.
Nesta fase da carreira do conjunto, muita gente já vai reconhecendo a sua ousadia, mas é visível que ainda conseguem surpreender os mais distraídos, conseguindo obter reacções positivas da verdadeira crítica – o público.
“O Pastor” e “Estranha Forma de Vida” continuam a fazer parte dos momentos mais marcantes dos seus concertos, no entanto os temas mais dinâmicos e vincados numa agressividade psicadélica parecem mais oleados e mais fluídos no contexto da setlist, mesmo sendo esta fácilmente familiar para quem os siga de forma mais regular. Mais uma vez não faltaram as covers de Metallica e Marilyn Manson que obtiveram um bom feedback, em grande parte graças ao público que se deixou ficar do dia anterior, mais dedicado às sonoridades pesadas.
Um encore pouco comum graças à “invasão” motard em pleno recinto, e repare-se, mesmo no meio da multidão, ao som de tubos de escape sem limitação ao nível dos decibeis.
Roots Sounds From Earth” fechou mais uma vez uma noite onde os Noidz salvaram o que poderia ter sido uma triste lembrança de um festival que promete edições futuras. Um concerto com grande investimento para a real dimensão da coisa, mas onde mais uma vez se deve dar os parabéns à banda pelo respeito e entrega demonstrados, honrando os presentes.
Apesar da falta de resultados a nível do número de pessoas presentes, a Songs for the Deaf Radio valoriza a aposta da organização num cartaz menos mediático e que pretende valorizar o que de bom se faz na música portuguesa. Infelizmente o mercado obriga, de certa forma, à inclusão de nomes internacionais de forma a conseguir promover de forma eficaz as restantes bandas. Ao público que discorda apenas podemos apelar à sua comparência de forma mais regular.
Que a próxima edição não baixe o nível de condições e de profissionalismo apresentados, os resultados certamente surgirão.

Texto: Tiago Queirós
Fotos: Nuno Santos (todas as fotos aqui)
Vídeos (abaixo): Tiago Queirós/Nuno Santos

REPORT 1º DIA (MOONSPELL+RAMP+GROG+LOW TORQUE)
THE FUZZ DRIVERS:



KANDIA:




NOIDZ:



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