Estivemos de novo no SWR Barroselas Metal Fest reunidos na Vila da Irmandade do Underground num dos melhores e mais antigos festivais do país, para a sua 19ª edição.
Mais uma vez encontrámos uma fraternidade inigualável que une a todos neste culto único de música, muito sui generis que, ao contrário do que o público em geral pensa, é de amor, sorrisos e partilha, pois o objetivo é só um, celebrar a música e partilhá-la com os amigos e a ‘família’ de vestes negras! Isto significa muito mais do que a música que se ouve por aqui e é a demonstração de um estilo de vida!
Independentemente de haver várias tribos representadas, entre eles os punks, black metaleiros, thrashers e grind lovers, todos neste local são iguais e houve uma panóplia de estilos de música para agradar a todos. ‘O costume!’, usando uma expressão nortenha, pois desde o início que este evento tem esta particularidade, a diversidade musical para agradar a gregos e a troianos.
O evento foi idealizado em 1994/5 pelos irmãos Ricardo e Tiago Veiga e tem vindo a melhorar ano após ano e 19 edições depois, finalmente, tem destaque em vários meios de comunicação nacionais e já faz parte, merecidamente, das agendas culturais da região do Alto Minho e de outras publicações internacionais.
É atualmente um impulso económico, muito ansiado pelos vários agentes comerciais locais, que se prepararam para receber esta ‘família negra’ com entusiasmo e cordialidade, sendo este um evento que inicia a época turística da zona e que se transformou numa mais valia de extrema importância, para a localidade de Barroselas e do Distrito de Viana do Castelo.
Contudo, esta história que começou bem no dia 25 de Abril de 1998 com a sua 1ª edição na Casa do Povo de Barroselas, teve os seus percalços. Desde a não aceitação da população local, por distúrbios inusitados do público, à necessidade cada vez mais crescente de se implementarem, como em 2012, dois palcos no evento. Também não foi fácil devido à dificuldade de adquirir o equipamento necessário para o que se pretendia nesta ideia e a difícil fixação de um local próprio, para a festa.
Passaram assim, inicialmente, de ‘salas’ bem pequenas a uma fábrica abandonada, à Casa do Povo, até hoje se instalarem na magnificamente bem localizada Associação Desportiva de Barroselas. Local, onde pela 2ª vez assistimos à missa negra do SWR Barroselas Metalfest!
O recinto também melhora a cada ano, um dos objetivos bem vincados pela organização a partir de 2012, oferecendo o conforto necessário ao público, pois é ainda uma época de chuvas e a organização tudo faz, para que nos sintamos em casa e confortáveis, sendo que a opção de recintos fechados foi a melhor solução. Fora a proximidade dos palcos que facilita a
viagem entre concertos sem grandes deslocações, provocando um movimento
ping pong do público no recinto.
Um excelente trabalho efetuado pela equipa que nada deixa faltar em comodidades, colocando mais áreas abrigadas, melhorando as respostas no camping, com wcs e locais com água para higiene, cozinhar e lavar a loiça, e os maravilhosos chuveiros de água quente na ADB, permitindo assim o convívio e satisfação dos que procuraram lugares para comer, beber ou até descansar, entre as maratonas de música, que ião desenrolando~se nos 3 lugares principais do recinto, a Dungeon, a Arena e a sala principal, Abyss. Também este evento permite a acessibilidade de pessoas com incapacidades ou deficiência, tendo rampas e largura de corredores para cadeirantes e vimos alguns fãs deste estilo musical a marcar a sua presença sem dificuldades, unindo-se à sua comunidade metal!
Também fazem parte deste evento as várias atividades na cafetaria
SWR Bar ou
Steel Warriors Tavern, com as exposições de arte de desenho e comics, com a participação nesta edição de
Necromancia Editorial com
Signal Rex, o
Metal Karaoke, Dj´s, provas da nova cerveja artesanal maturada em carvalho com a marca do evento a
‘Guerreira’, tal como o Licor de Café artesanal
‘Bafo Negro’, o
Meet & Greet com bandas como
Conan, Jucifer, Violator, Severe e
Torture e muitas outras atividades que entreteriam os visitantes entre concertos e no fim de cada noite de ‘
porrada‘ de música ao vivo, até altas horas da madrugada.!
Salientamos também o tratamento deluxe que as bandas tiveram, que segundo o que diziam em palco, foi excelente e de extremo profissionalismo, muitos deveriam tirar como exemplo o trabalho destes dois manos e da sua equipa! Por isto e muito mais os nossos parabéns à organização e muito obrigado por nos receberem!
O clima foi excelente e a festa não parou dia e noite. Este ano também o camping foi motivo de alegria e diversão para quem vem a este evento assiduamente e já sabe o que os espera, reúnem-se sempre forças para não faltar e acompanhar tudo o que se passa entre concertos, petiscos e provas de cerveja artesanal e o rodopio característico deste evento. O sol e a lua cheia durante 4 dias uniram-se e deram o ambiente perfeito a este grupo fraterno!
Podemos também dizer que o comércio em volta deste evento teve com certeza o seu melhor tempo de vendas deste ano, pois as tasquinhas no interior do recinto foram pouco frequentadas, além de que, no caso dos vegetarianos, não houve outra alternativa senão procurar algo fora, por falta de oferta e a meu ver foi a única coisa a apontar visto que esta ‘comunidade’ ter vindo a crescer entre os metaleiros. Tirando isso, foi tudo perfeito! Acrescento uma observação não menos importante que foi quase não ter visto telemóveis no ar a incomodar os espectadores e como vão perceber, no que vou contar, seria inútil até trazê-los para uma festa onde é obrigatório participar e nunca ficar de fora!
Vou assim tentar contar-vos o que por lá se passou!
Dia 0
Neste dia de entrada livre tivemos música portuguesa em exclusivo no palco Arena, onde os KAPITALISTAS PODRIDÃO, vindos de Grândola, abriram as hostes. Esta banda de músicos experientes e de nome bem sugestivo e com indumentárias alusivas, é marcante numa época de ebulição social. KAPITALISTAS PODRIDÃO ganhou também seu lugar neste evento, com a sua participação no W.O.A. Metal Battle.
Entregaram o seu suor e sangue em palco com o seu 1º trabalho, ao estilo do death punk metal com letras típicas do punk rock, com o EP “PODRIDÃO NACIONAL”. Não deixaram ninguém indiferente com as verdades ditas nos temas tocados como, ‘Epidemia Social’, ‘Morte aos Pedófilos’, este tema com um vídeo que foi alvo de censura cibernética pelo seu conteúdo explicito e por fim ‘Podridão Nacional’. Assim, conseguiram no modo certo e a cantar em português nu e cru, abanar os toldos do recinto.
Sobem a palco de seguida os
SPEEDEMON, vindos de Vila Franca de Xira com o seu
speedy thrash metal e o seu mais recente trabalho “FIRST BLOOD” acelerou o ritmo nos pézinhos do público, dando-nos um concerto bem animado. Mais uma promessa revelada no panorama musical a aguardar as luzes da ribalta!
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foto by: Hugo Miguel Delgado |
MONOLYTH chegam-nos de Aveiro e foram os seguintes a atuar e trouxeram o seu trabalho lançado em 2014 o ‘ORIGIN’ no estilo Death Metal/Progressive mais alguns temas novos, o vocalista Marcelo que me faz lembrar o Blythe dos Lamb of God, arrebatou a sala e a banda com o seu set-list, ‘Voice of Ruin, Rupture, Imprisoned, Low, Minos’ e o explosivo ‘Incinerate’, provocaram um mosh total. Foi muito bom o concerto deste quinteto! Um banda que tem dado cartas por cá ultimamente e até já são comentados a nível internacional, com o recente lançamento do seu vídeo de ‘Rupture’. Apesar de não terem ganho esta Batle, foram a meu ver a melhor banda deste curto horário, nesta noite de festa!
Os MINDTAKER do Redondo, arrebataram e fizeram o público rodopiar num circle pit com os temas em estilo old school thrash metal, com a participação do Gonçalo Branco, guitarrista da banda eborense dos ThrashWall e que contribuiu para uma prestação fantástica da banda alentejana.
Estes foram os vencedores da Batle W. O. A. no 2º round no RCA em Lisboa e tocaram temas como o ‘Down to Terrorism’, ‘Fuck Off’, ‘I Am the King’, ‘7 Gates of Hell’, ‘O Mais Ruim Que Se Negue’, ‘Destruição Total’, ‘Faces of War’, ‘Into the Pit’, ‘Drink Beer for Thrash’ e a ‘Toxic War’, e assim ganharam esta batalha final no SWR, um prémio muito aplaudido pelo público, indo de encontro às expectativas da maioria e que os levará a representar Portugal no Wacken Open Air . Os nossos parabéns!
PLUS ULTRA vindos do Porto, sobem a palco com a sua música de rock fusão e brutal animação, desfiaram o seu mais recente trabalho ‘It Was Never a Ball’ e alguns temas novos, fazendo-nos suar de uma forma energética e pululante tal como fizeram quando os vimos, no seu melhor a última vez, no SonicBlast em Moledo, o verão passado.
Pena foi um insistente mosher que achava que o palco era só dele e turvou as atuações de todas as bandas nesse dia. Como houve alguém que disse, ‘bateu-lhe mal’ e não saia de cima de palco. O que no inicio foi engraçado, tomou mais tarde proporções azedas com o pessoal enfartado da brincadeira, incluindo os músicos.
Este concerto, representou pela euforia do vocalista, a alegria alcoólica de todos os que estavam ali, houve logo desde este dia, uma ansiosa procura desta folia, por todos os que passavam o portão e entravam neste local de culto!
Um espírito que é só nosso, com linguagem verbal e corporal exclusiva, entre
grunhos e gritos dos
Steel Warriors cumprimentando-se, horns up com vestes e adereços punk, metal, tshirts das bandas favoritas ou da
Mosher e hoodies alusivos ao fest, que podiam ser adquiridas nas várias tendas merch, é um comportamento típico de quem ouve e veste a pele deste ritual e que se reúne aqui aos amigos, para finalmente ser livre e tudo poder fazer!
Plus Ultra ajudaram nesta festa de uma forma bombástica!
Por isso no fim, tudo é desculpado! A liberdade que se exprime neste evento é o verdadeiro e único lugar próprio para a exercer e o stage diving, circle pits e crowdsurfing é marca registada nesta casa! Os Mindtaker voltaram a palco para fazer os devidos agradecimentos relativos ao prémio ganho e tocaram mais uma para selar em grande, a festa!
Foi uma excelente noite de música, perfeita para aguçar a vontade de ver e sentir mais, neste evento.
Empoderados e rumo ao SWR Bar, foi o destino dos que restaram e a festa durou, como de costume, até a manhã seguinte com as várias atividades que iniciavam neste festival metálico!
Nós regressámos à tenda para descansar pois ainda haveria muito para ver acontecer nos dias que se seguiam!
Texto: Stanana
Fotos: António Gaspar para SFTD, Hugo Miguel Delgado (Foto de Monolyth) e Tiago Lemos
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