[Report] VAGOS METAL FEST 2016 – primeiro dia (com vídeos)

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Felizmente, há coisas que não mudam. Continuamos a regressar de Vagos exaustos, empoeirados e satisfeitos porque vivemos mais um fim de semana inesquecível de boa música e bons momentos de convívio. A Quinta do Ega esteve à altura de receber os milhares de metaleiros que a visitaram, acolhendo todos com o excelente ambiente que a caracteriza, mesmo sendo este um ano de transição que inicia vida nova para este festival. Aqui fica o resumo possível do que queremos destacar deste primeiro Vagos Metal Fest, que já deixa saudades. 

O recinto apresentou mudanças na disposição dos comes e bebes, agora também situados fora da zona dos concertos, com poucas mesas e cadeiras mas muita relva para descansar. Sentiu-se mais a falta de mesas e bancos na zona dos concertos, onde chegámos a ver metaleiros sentados em qualquer local que proporcionasse algum conforto, nem que fossem os barris de cerveja. Mesmo com o cumprimento rigoroso dos horários, pelos últimos concertos, o cansaço já se acumulava.  
Dia 1 – 13 de agosto 
Coube aos CORREIA, última banda a confirmar a presença no Vagos Metal Fest, a função de abrir o festival. 
Iniciaram a atuação com o recinto ainda a meio gás mas não se deixaram intimidar pelo público ainda pouco participativo. O projeto dos irmãos Poli (Devil in Me/Sam Alone) e Mike Ghost (Men Eater/More Than a Thousand) cumpriu a missão de ambientar a audiência, que ainda se compunha, mas conseguiu ir mais além, pois por altura de Deceivers of the Sun, observámos que o público já estava embalado no ritmo deste rock que ficámos de conhecer melhor, através do álbum de estreia Act One (2016). 
Já esperávamos que os franceses Betraying the Martyrs pusessem o recinto a mexer e eles não nos desiludiram. Adorámos a sua atitude em palco porque estavam claramente satisfeitos por ali estarem. 
Notou-se nos sorrisos, na fabulosa energia de todos os elementos, nos agradecimentos e elogios feitos a Portugal… e à sua cerveja. Claro que houve mosh e wall of death pois o poderoso deathcore desta banda não deu tréguas durante toda a atuação e o público também não se fez rogado. O novo single The Great Disillusion não passou despercebido mas a cover the Let it go (Frozen), com o refrão acompanhado por muitos metaleiros no público, essa não vamos esquecer. E pensámos nós que com o mosh que vimos em Let it go (Phantom, 2014), Vagos já não nos surpreenderia muito mais. Enganámo-nos… 
Pelas 18h45m, já subiam ao palco os norte-americanos Vektor. 

Com três álbuns editados, são já considerados mestres no trabalho de fusão sci-fi/thrash/speed metal, tendo a crítica considerado o recente Terminal Redux, lançado em maio, um dos álbuns de referência deste ano no seu género. Os apreciadores puderam assistir a um concerto de thrash metal progressivo que manteve o público interessado e não deixou arrefecer o recinto.  
Os veteranos RAMP subiram ao palco pelas 19h50m e encontraram um público que já os aguardava com ansiedade. As décadas de história e de sucesso justificam a receção calorosa mas a atitude da banda também esteve à altura e é digna de destaque. 
Visivelmente satisfeitos por estarem finalmente em Vagos, não só o verbalizaram, como o demonstraram, protagonizando um concerto fortíssimo, bem acompanhado de mosh e circle pit e de muito público a entoar em coro, com RuiDuarte, refrões de temas como How, Dawn e Hallelujah  (Evolution, Devolution, Revolution, 1998), esta última responsável por um dos melhores momentos da atuação. Destacamos ainda as interpretações de Blind Enchantment, dedicada aos Demons Cleaners (Super FM), Follow you e The Cold, incluídos em Visions (2009). 

Esperávamos ansiosamente pelos italianos Fleshgod Apocalypse, pois já imaginávamos uma forte mudança no ambiente e cenário. 
E teria sido um concerto fabuloso, se não fossem as falhas no som, que muito lamentamos, e que nos impediram de desfrutar em pleno desta atuação. Ainda assim, é um concerto que fica na memória, cheio de elementos marcantes, a começar pela presença da cantora soprano Veronica Bordachini, devidamente trajada, tal como toda a banda, ao género de nobreza antiga, decadente e de feições cadavéricas. 
As teclas arrepiantes (que gostaríamos de ter ouvido ainda melhor), a rapidez das guitarras, a combinação de vozes, a postura solene de todos os elementos, as deslocações em palco, são alguns dos fatores que fazem desta banda de death metal sinfónico um conjunto complexo mas brilhante ao vivo. Foi assim que ouvimos, entre outras, As cold as perfection e The Fool (King, 2016), The Violation e The Forsaking (Agony, 2011), estas duas últimas com uma interpretação fantástica do vocalista, carregada de drama. 

E pelas 22h50m, os suecos Dark Funeral anunciaram: “We are here to collect your souls!”. 
Era a vez do black metal, que após um demorado sound check, começou com a rapidez extrema e demolidora das guitarras (não as deles, que essas foram perdidas pela companhia aérea) e deixou o público colado ao chão. Open the gates (De profundis clamavi ad te domine, 2004) foi fabulosa e Nail them to the cross, do último álbum (Where shadows forever reign, 2016), recebida com entusiasmo pelo público. Competentes, ofereceram a atuação agressiva esperada pelos bons apreciadores de black metal com as características old school que a banda conserva. Mantiveram o recinto agitado, apesar do adiantado da hora, e apercebemo-nos de que muitos deveriam tê-los como um dos objetivos da noite, uma vez que vimos muito público a abandonar a zona dos concertos após a sua atuação.  
A Locomotiva mais Bizarra de que há memória chegou pelas 00h30m e encontrou um recinto menos cheio, embora ainda bem composto de público cansado mas resistente. 
Rui Sidónio foi igual a ele próprio e, após dois ou três temas, já se misturava com o público, a dar trabalho aos seguranças. Ouvimos, entre outros, Cavalo Alado e O escaravelho, com a participação de Muffy, dos Karbonsoul (Bestiário, 1998), O anjo exilado (Álbum Negro, 2009), Hecatombe e Na febre de Ícaro (Mortuário, 2015). O público acompanhou e participou ativamente neste que foi um dos grandes concertos do festival. 

O primeiro dia terminou assim, com uma noite fria e com os resistentes a recolher às tendas, uns visivelmente cansados, outros ainda em condições de aproveitar a festa Rockline Tribe, com set do António Freitas e DJs Izzy e Carlão, que durou até de madrugada. O saldo, esse, foi positivo, sem dúvida. 

Report do segundo dia

Texto: Sónia Sanches
Fotos e vídeos: Nuno Santos (todas as fotos brevemente na página do facebook)

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