Este festival, realizado por um grupo de amigos, foi dedicado à música alternativa passando pelos géneros heavy, punk, rock, stoner e rock psicadélico.
O primeiro dia, ameaçado pela chuva, iniciou-se às 19h com a atuação do Dj Johny, um artista local bastante conhecido nas redondezas e que nos entreteu com um set prolongado, pois o público, provavelmente assustado com o tempo, teimava em não chegar.
Ao cair da noite sobem a palco os Vénus Raiva com as suas guitarras rasgadas a fazer barulho para chamar a malta ao recinto e explodirem com eles a raiva da sua música. Esta banda de Barcelos, trouxe o espírito da sua terra e tudo fez para animar as hostes.
O festival continuava com a assistência a ‘meia haste’ e o público não aparecia, mas logo a seguir os 10 000 Russos, uma banda do Porto, traziam-nos um som rock psicadélico de sonoridade eletrónica e industrial, levando as poucas pessoas que assistiam a um lugar místico.
Foi um bom momento de sonoridades novas num rock, por vezes calmo e alucinogéno, como poderoso, de guitarras a rasgar nos temas que apresentaram e que fazem parte do seu último trabalho, a ser lançado no final do ano.
Os Killimanjaro, outra banda de Barcelos, eram os mais esperados da noite. Há mais movimento no recinto e a expectativa aumenta, alguns problemas técnicos no som faziam o simpático staff da Comissão Organizadora do Sul D’Lima correr. Em poucos minutos tudo se resolve e a banda rebenta com o seu som Heavy/Stoner/Punk/Rock, transformando o recinto e levando o público ao rubro, com riffs de guitarra bem ‘esgalhados’ e a fazer a malta dançar. Percorreram os temas do seu último trabalho ‘Hook’ fazendo jus à boa arte vinda da sua terra, num tom stoner/punk. Um som a fazer lembrar os anos 70 onde se fundem melodias acompanhadas de um poderoso Old School rock.
No fim deste concerto sobem a palco os The Glockenwise, por sinal também de Barcelos, mas foi um concerto mais rápido e ‘rockado’ do que esta banda tem feito em outros eventos, pois o tempo não estava a ajudar. Contudo o público, agora ao rubro, persistia e pedia mais. Tocaram o temas do seu último trabalho como ‘Leeches’, ‘Bad Weather’ e ‘Columbine’, afinando com a ambiência de público mais juvenil, e dando como fechada a primeira noite de concertos.
Com o público bem animado de tanto rock, pulos e bom ambiente num recinto espectacular e bem organizado, o fecho da noite ficou a cargo de DJ Waterfish que levou as hostes ao climax até as 2 da manhã.
O segundo dia do evento trazia-nos nomes como os Big Red Panda, os The Lazy Faithful e os Opus Diabolicum, criando uma grande expectativa de maior adesão de público e uma grande noite musical, mas não foi o que inicialmente aconteceu.
Depois da atuação da responsabilidade do DJ Ricardo Puga, um artista local que nos foi criando a ambiência musical para realizarmos algumas entrevistas e às bandas alguns acertos no som, sobem às 19h30 ao palco os Big Red Panda, uma banda que merecia outro horário no line up.
Conhecidos músicos de outros projetos da terra, nesta formação os elementos transmitem uma maior maturidade musical e conseguem, mesmo sem proferir uma palavra, elevar o público a um estado hipnótico com as suas melodias bem arranjadas, como o tema de abertura ‘Backbone’. Envolvendo-nos assim no seu stoner rock, psicadélico e ambientalista, dão-nos uma agradável sensação de fusão com o espaço natural que nos rodeia e um sorriso no lábios resultante de um estado ‘happy’.
Era a 2ª vez que participavam no evento, doutra feita como The Kanguru Project na 1ª edição e a banda tocava em casa. Assim, sem darmos por ela e em estado de transe encaminharam-nos para a noite tocando com excelência os temas do seu trabalho de apresentação do álbum ‘Big Red Panda’. Tal como ‘Still Moment’, uma faixa de quase 10 minutos que nos prega ao chão a ouvir nos seus momentos calmos e sedutores, e a fazer headbanging com os altos e poderosos riffs do Kevin na sua guitarra, acompanhados pelos ritmos poderosos e groovies da bateria, de Francisco Dantas.
‘Alligator’, ‘Centopide’ e ‘Brain Mapping’ embalam-nos a bater o pézinho e começa a cair a noite. Surpreendentemente o público parece que se esqueceu que havia por ali perto este evento e continua a teimar em não aparecer. ‘Wavering’ e ‘Miles Davis’ foram os dois últimos temas que nos deixaram com vontade de ouvir mais, um excelente concerto destes músicos criativos com vários projectos em simultâneo e uma das melhores bandas do Alto Minho, no género.
Nada que incomodasse os Sr. Inominável, que entraram violentamente em palco gritando e chamando os curiosos a virem para perto deles. Com frases típicas minhotas, bradavam ‘asneirolas’. Esta banda teve graves problemas de som, que persistiram mais ou menos pelo resto do concerto e da noite. Mas como disse, não se incomodaram com isso e em festa rasgaram as guitarras e fizeram um rock juvenil que levou a malta aos bares molhar as gargantas secas, de inicio de noite.
Um Festival que prometia ser o melhor destas redondezas e a nota negativa, mesmo abaixo de zero, foi para a adesão do público, que não encheu nem metade da área espectacular, oferecida neste recinto no meio de uma zona rural linda e junto à praia fluvial. O campismo pelo que parece, também não teve tendas, deixando a organização e os músicos estupefactos. Poderão ser vários os factores, mas é de lamentar quando depois se diz à boca cheia que não se fazem coisas por este país, sem razão. Quem gosta de música não falha e acabou por ser um ‘ambient’ porreiro e descontraído, no campo.
Gargantas molhadas e a respirar mais calmamente enquanto se aguarda o momento da noite com Opus Diabolicum, vislumbrando-se mais movimento no recinto, onde se vê também a mistura de gerações.
Os Opus Diabolicum entram imponentemente e são recebidos com um forte aplauso, apresentado-se com a faixa ‘Opus Diabolicum’. Agradecimentos feitos à organização, a qual ajudaram a fundar com um grupo de amigos da terra, os músicos de renome na nossa praça, humildemente, voltam a pisar o palco do Festival, tal como o fizeram na 1ª edição, valorizando a determinação deste grupo em continuar a promover este acontecimento, na terra que os viu nascer, Ponte de Lima.
Para os conhecedores da banda à qual fazem tributo, é um especial prazer ouvi-los a tocar nos seus violoncelos os temas de Moonspell. Um momento gótico adequadíssimo à noite que clareava, deixando a lua espreitar em cima do palco, envolvendo-nos nos sons graves e nos solos dos instrumentos, durante todo o concerto.
O Valter Freitas, como verdadeiro frontman da banda, interagia com o público pedindo palmas e levantavasse tocando agressivamente e em headbanging o violoncelo provocando agitação no público.
Depois dos temas ‘Opium’, ‘Nocturna’ e ‘Vampíria’ tocam o single de lançamento ‘Everything Invaded’ do qual fizeram um vídeo. Todo o artwork, fotografia, design e montagem deste vídeo e para este álbum foi realizado pela Mara Eleán, com Eleán Art.. Um trabalho de excelência que merece ser referido, por mostrar a essência desta banda na perfeição.
Depois da sedutora faixa ‘Scorpion Flower’ tocaram ‘Tenebrarum Oratorium’ um tema que nos levou aos tempos mais longinquos de Moonspell no seu lado mais darkgoth, com uma sonoridade celta e deambulando por vários estilos como os orientais do Andamento 1 desta música, os Opus Diabolicum iam solando os violoncelos e rematando com acordes muito bem aceites por este público nortenho, levando-o rubro!
Um momento de pausa para mais agradecimentos e uma foto de grupo, com toda a Comissão Organizadora do Sul D’Lima em palco, e um pedido de uma salva de palmas, bem merecida, a este grupo de amigos que possibilitaram ao longo das 6 edições, a muitas bandas do concelho e não só mostrarem o que valiam e valem e também, o apoio dado à música alternativa nacional.
Cordialidades arrumadas e voltam à música com um tema que toda a gente sabe cantarolar ‘Alma Mater’ e o auge do concerto acontece. O público canta e bate palmas num espírito de festa que é finalizada com um tema, em tom de homenagem a todos os que assistiram, e à lua que se fazia de tímida, o ‘Full Moon Madness’. Os O.D. presentearam-nos com tudo o que se esperava deles, um concerto cheio de boa música e simpatia. Um trabalho que promete chegar longe!
Depois disto o evento entra em declínio musical e sobem a palco, atabalhoadamente e de novo com graves problemas de som, os The Lazy Faithful, vindos do Porto que, não sei se por estarmos extasiados ou se pelos problemas técnicos, não corresponderam às expectativas.
Apresentaram um concerto com um rock/punk esgalhado, uma mistura de António Variações, Chuck Berry e The Clash, que pelos vídeos que giram na net e as gravações, me soava melhor. O vocalista aparece vestido com um robe, que parece que é marca da banda, pois ouviam-se ao fundo as meninas groupies a pedirem para ele o tirar, aos gritos. Assim, feita a vontade, foram tocados os temas do seu último trabalho ‘Easy Target’ e foi desbunda total com muitas ‘asneirolas’ à moda do Porto, com o público mais jovem a dar-lhe. Muito rock old shcool e rasgados riffs de guitarra.
Termina a rodada de bandas neste evento com as Anarchicks, uma banda muito esperada pelos rapazes no recinto, sabe-se lá porquê.. Contudo não era bem a música que correspondia às expectativas, mas sim a postura irreverente característica destas meninas. Foi uma experiência difícil, porque até num estilo que permite dissonantes nunca ouvi tanta desafinação e quando se olhava para o palco era tudo menos uma banda a tocar música. Entusiamadíssimas saltitanto, lá foram sacando uns acordes para fazer pular a malta alcoolizada que ficou no concerto. Gritaram, berraram ‘asneirolas’ e ‘partiram a loiça’ com irreverência juvenil, mas apenas valem pelo espectáculo a cair para o degredo) que apresentam, chegando até a ser cómico, no entanto os jovens pularam e aplaudiram eufóricos.
No meio da confusão não se notaram os diversos problemas de som e, excepto para algumas pessoas, o recinto preparava-se para outra festa e o público começava a dispersar.
A chuva ameaça retornar mas nada calava as Anarchicks que a única faixa que tocaram mais ou menos, foi a conhecida faixa ‘Restraining Order’ do último trabalho ‘Really?’.. e assim com a mesma pergunta expressada nos rostos de alguns, finalizava o evento à 1h20 da manhã.
Seguiu-se o fecho estrondoso deste evento de elevado potencial, que mesmo virado para os da terra, com bandas e artistas locais e das redondezas, se pode mostrar como fazer bem, com simpatia e organização.
Este final de noite, ficou a cargo do DJ Oder, vindo também do Porto, que segundo o público que ficou a assistir, arrebentou a festa com o seu set e meteu todos a bater o pézinho à sua frente no palco, até mais tarde.
Há mais para dizer sobre este evento, mas desta vez apresentado em entrevistas audio gravadas e gentilmente cedidas por:
– Renato Barros, da Comissão Organizadora do Sul D’Lima que nos fala um pouco sobre a criação e origem deste evento.
– Renato Barros, da Comissão Organizadora do Sul D’Lima que nos fala um pouco sobre a criação e origem deste evento.
Festival Sul d’ Lima- Entrevista a Renato Barros (organização do festival) by Sftd Radio on Mixcloud
-Pelo Pedro Ferreira e pelo Kevin Pires, dos Big Red Panda, que desta vez nos falaram mais sobre o álbum e o seu processo criativo e musical.
-E por fim a bem humorada entrevista com Opus Diabolicum que nos falam do novo trabalho e como chegaram a Vagos, com a surpresa da Mara Eleán também estar presente com umas palavras para a Songs For The Deaf Radio, sobre como foi trabalhar com eles.
A todos agradeço a simpatia, disponibilidade e excelente receção da nossa equipa SFTD Made in Portugal, neste festival e um agradecimento especial à Michele Hasselti da Latrodectus Hasselti Photography, por ter-nos acompanhado neste trabalho e cedido as suas fotos para ilustrar esta nossa reportagem.
Texto: Stanana
Fotos: Michele Hasselti (Latrodectus Hasselti Photography)
Todas as fotos no facebook da SFTD Made in Portugal:
Todas as fotos no facebook da SFTD Made in Portugal:
(function(d, s, id) { var js, fjs = d.getElementsByTagName(s)[0]; if (d.getElementById(id)) return; js = d.createElement(s); js.id = id; js.src = “//connect.facebook.net/pt_PT/all.js#xfbml=1”; fjs.parentNode.insertBefore(js, fjs); }(document, ‘script’, ‘facebook-jssdk’));
hell yeah!