[Report] WoodRock Quiaios @ Figueira da Foz

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“Não criamos expectativas, damos-te música!!!” É o lema de um festival que tem o privilégio de juntar música nacional, serra e praia.

Ao chegar à zona de concertos o bom gosto é visível logo na entrada, bem como a simpatia. O espaço não é grande mas é o suficiente para um festival que vem alargando e melhorando as suas passadas de ano para ano e com ganas para crescer.

A acessibilidade a pessoas com limitações motoras é fácil, apesar de não haver espaço reservado para assistir aos concertos, essa dificuldade não foi sentida a quem de direito e houve atenção e assistência por parte da organização (algo que vale bastante) não se tendo visto grande dificuldade tanto para o recinto de concertos bem como para o camping. 
A música começou à hora marcada notando-se respeito e consideração entre bandas mesmo havendo gritos para que fossem tocando mais malhas.
Os dois dias de festival apresentaram um cartaz bem simples dando primazia à música nacional em que os nomes mais sonantes que se destacaram foram The Quartet of Whoa! e Bizarra Locomotiva.

O dia 5 abriu à hora marcada com os The Midnight Train que realmente não fugiu ao lema deste festival. Apesar de previsões de chuva, deu um banho de som aos presentes com Grunge, Punk e Metal.  A banda não negou nem escondeu as suas influências e até terminaram com o tema ‘Heart Shaped Box’ de Nirvana adaptado a português. Algo, para alguns dos presentes, nunca ouvido.

El Coyote rasgou com o seu “Herbie Metal vindo das profundezas da Bajouca” como referem na sua página de FB e não se deram nada mal. Sonoridades com guitarras bem rasgadas e apontamentos fora do comum fizeram as delícias dos presentes. A interacção com o público foi muito bem disposta e a actuação no palco sem defeitos.
Os Bad Pig jogavam em casa e adesão do público foi total. Ouvir este trio de Stoner Rock Hard Blues da Figueira da Foz com a coragem e o bom gosto de fazê-lo em português é de louvar e pedir mais. A descarga foi total, guitarras bem pesadas com puxadas de blues bem enquadradas e até mesmo, deliciosas. Mostraram que WoodRock era a sua casa e que souberam dar música e receber bem quem até eles se desloca.
Os DAPUNKSPORTIF foram a alteração do cartaz e em vez de serem a última banda anteciparam-se aos Stone Dead. Visivelmente a banda com mais tarimba da noite e de Peniche apenas trouxeram boas vibrações. Rock old school e old sounds, as semelhanças e lembranças de Led Zeppelin, Black Sabath, Rolling Stones e apontamentos de blues foram bem evidentes. Um rock para abanar o capacete e levar o resto do corpo.


Os Stone Dead não começaram da melhor forma devido aos problemas de som. Apesar das dificuldades, afinações e alguns nervos em franja lá conseguiram mostrar o bom rock que se faz por Alcobaça e o ritmo da energia criada até então não esmoreceu.

Sábado, dia 6, começou para lá da hora marcada. A afluência ao recinto tardou mas não faltou, talvez devido às nuvens e às previsões de mau tempo que ameaçavam os mais receosos.

Os Beachalce, que fizeram a vez de The Dukes of Speed, não reuniram consenso nem agradaram a todos os presentes. A performance não foi das mais acarinhadas pelo público. Talvez devido a sua inserção perto da data do festival não possibilitasse melhor desempenho. Ficamos a aguardar novas aparições da banda.
A Velha Mecânica, vinda de Coimbra, fez praticamente as honras da casa para o segundo dia que se esperava diferente e mais variado, não decepcionou. Com uma postura irreverente e sonoridades bem articuladas e diferentes foram, sem dúvida, um bom pontapé de saída para a noite.

The Year seguiram-se e partiram a louça toda que puderam. Aqueceram os ânimos e também a chuva que apesar de tímida dava sinal de presença. Muita energia e Lifecore vindos de Pombal. Boas batidas, boa carga eléctrica e uma voz bem sonora e poderosa fizeram o mote e nada tímidos cativaram e elevaram os níveis de adrenalina.

The Quartet of Whoa!, para quem ainda ande distraído, estão em todas e em todas em que estão dão o máximo. Tanto que nem a chuva fez arredar pé a quem os via. O quarteto espantoso de Lisboa espantou a Figueira da Foz com os seus sons Rock Heavy Psicadelic que já nos vêem habituando. Apresentaram a sua nova malha ‘Backwardsfirstliners à semelhança do que fizeram em Vagos. Como “equipa que ganha não mexe” a sua performance e setlist não sofreram grande alterações, visto que praticamente tocaram o álbum Ultrabomb na íntegra.



Bizarra Locomotiva, do alto dos seus 20 anos de carreira, demonstraram a sua irreverência e teatralidade em palco. Com temas já bem consolidados e bem conhecidos para quem os acompanha, estiveram ao nível que já nos vêm habituando. Sidónio entrou a matar e desde logo irrompeu pelo público deixando alguns um pouco surpreendidos ou esquecidos das suas passeatas durante os concertos. ‘Procissão do Édipos’ foi o seu apito de partida e o ‘Anjo Exilado’, desta vez apenas a uma voz, foi o ponto final de uma noite em que se renegou à vontade da chuva que teimou em cair.






A alegria e satisfação por estarem em palco era visível e a interacção com o público foi uma constante, nunca deixando cair o véu na sua totalidade nem largando a teatralidade que os conota.

De assinalar o planeamento e organização que mostrou preocupação nos pormenores, desde o cartaz e a sinalética até ao local que foi inconfundível aos mais distraídos. Como também toda a informação disponibilizada na página de facebook em que mostrou aos festivaleiros onde era, como ir, onde comer, onde ficar e como se divertir. Basicamente fizeram a “papinha toda”.
No recinto notou-se uma arrumação por forma a separar muito bem o espaço de espectáculos e o camping. O estacionamento não foi difícil e a sombra dominou, o que é outro ponto positivo a apontar.

Considerações pessoais:
Este festival tem pernas para andar. Demonstra boa organização e muito cuidado aos pormenores. É uma óptima escolha para quem queira ouvir música nacional e passar um belo tempo na praia e/ou piscina para recarregar energias. Há transportes para o local e descontos para estadia e refeições para os festivaleiros. Tudo isto por APENAS 12€ no caso de passe para os dois dias.
A SFTD conta voltar na edição do próximo ano e espera ver um WoodRock maior.
Texto: Liliana Dias
Fotos: Liliana Dias
Fotos de Velha Mecânica, The Year, The Quartet of Whoa! e Bizarra Locomotiva gentilmente cedidas por V. Matos Fotografia. Poderão ver mais fotos do festival aqui.

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