Dia Internacional da Mulher: o metal não é para meninos!

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Tendo como pretexto o Dia Internacional da Mulher, aproveitamos para nos debruçar um pouco sobre a crescente influência que o sexo feminino tem vindo a ter no universo da música pesada. Se no estrangeiro o fenómeno das female fronted bands cresce a olhos vistos, resolvemos ver também o que se passa em Portugal no que a este tema diz respeito.

Neste artigo iremos falar apenas de metal mais extremo, para não cairmos no lugar comum de associar mulheres vocalistas ao gótico ou canto lírico (ao jeito do metal sinfónico). Se lá fora temos a Angela Gossow (Arch Enemy) ou a Alissa White-Gluz (The Agonist) como exemplos mais conhecidos do que estamos a falar, por cá a coisa também vai no bom caminho, conforme podem ler mais abaixo nas curtas entrevistas que realizamos com a Muffy (Karbonsoul), Sara Leitão (Dark Oath) e Sylvia Wolf (Creation Undone):
SFTD Radio: 1.Conta-nos como e/ou quando descobriste ou ganhaste o gosto pelo Metal?
Sara Leitão (Dark Oath)
Sara Leitão (Dark Oath): Surgiu naturalmente, tinha cerca de 13, 14 anos. Alguns amigos já ouviam metal e senti curiosidade em conhecer mais. Quando me comecei a interessar, a aprofundar o género e tudo mais o que o rodeia, identifiquei-me de imediato. Talvez pelas letras, porque eu sempre gostei e gosto imenso de escrever. Ouvia as músicas e pensava “bestial, é mesmo isto que eu penso”. Obviamente que comecei por uma onda mais soft, se calhar mais dita “comercial” apesar de não saber bem o que isso quer dizer, mas mais tarde procurei géneros mais específicos com os quais me identificasse, como o melodic death, o metalcore, post-hardcore e math que é a base do que eu oiço hoje em dia. Ainda tenho o mesmo gozo em descobrir bandas novas, coisas diferentes, e apesar de ouvir outros géneros de música, é sem dúvida o metal a base de toda a minha cultura musical e aquela que mais me define. 
Muffy (Karbonsoul) :

Muffy (Karbonsoul)

Olá! Em primeiro lugar quero agradecer o convite à SFTD e felicitar-vos pelo excelente trabalho que têm vindo a desenvolver!
O gosto pelo Metal vem desde miúda. Sempre gostei muito de rock/hard-rock/heavy-metal e de sons mais pesados. Lembro-me talvez de ouvir desde os 10/11 anos. Sempre estive ligada à música. Tenho formação clássica em piano, guitarra e canto. Em criança e adolescente fiz parte de uma produção de espetáculos que percorria o país, a cantar covers de diversos artistas. Entretanto, cheguei aos 15/16 anos, abandonei esses espetáculos e a escola de música onde estudava, pois senti necessidade de explorar outros estilos musicais, nomeadamente o metal.

Sylvia Wolf (Creation Undone)
Sylvia Wolf (Creation Undone): Provavelmente por volta dos 14/15 anos, isto ainda é bastante “recente” para mim. Sempre gostei de músicas mainss…leves… mas a partir dessa altura comecei a ouvir e a gostar cada vez mais de músicas mais pesadas, nesse ponto.



SFTD Radio:  2.Em que altura percebeste que tinhas talento para o gutural? Foi algo que descobriste espontaneamente, ou era algo que querias fazer e desenvolveste a técnica a partir daí?
Sara Leitão: Foi espontâneo. Experimentei e descobri que até tinha jeito para a coisa. Fui desenvolvendo a minha técnica claro, para não danificar cordas vocais nem nada do género e ainda hoje me tento reinventar. Tenho sempre algo a melhorar, algo mais a aprender.
Muffy: Não consigo identificar a altura certa…pois desde que oiço metal que “tento” fazer gutural mas penso que foi um pouco das duas. Foi uma descoberta espontânea que ganhei através da minha banda e a própria evolução da mesma. Foi também algo que sempre quis explorar e desenvolvi a partir de aí…
Sylvia Wolf: Também foi nessa mesma altura que tentei “imitar” alguns vocalistas, até mesmo de deathcore… com 14 anos comecei a tentar mas penso que levei quase 1 ano para conseguir fazer um growl decente ahah
SFTD Radio:  3.Há alguém em particular em que te tenhas inspirado, ou que notes que tenha influência no teu percurso de cantora?
Sara Leitão: Há quem me associe à Angela Gossow, que no início admito que pode ter influenciado alguma da minha vontade em fazer gutural porque de facto, acho impressionante o vozeirão dela. Contudo, não a considero a minha inspiração atualmente. Tenho outros ídolos por assim dizer. O Mikael Stanne dos Dark Tranquillity, o Joseph Duplantier dos Gojira, o Tim Lambesis dos As I Lay Dying e o Jens Kidman dos Meshuggah são aqueles que considero vocalistas de exemplo no meu percurso pessoal.
Muffy: Muitos músicos me influenciaram e continuam a influenciar, tanto na parte mais agressiva/ gutural como na parte mais melódica. Dentro do metal sempre ouvi um pouco de tudo: desde o Gothic ao Black🙂 Mas consigo identificar-me mais com o Death Metal.
No início dos Karbonsoul, estava mais ligada a vocalizações melódicas, pois o conceito da banda era mais direcionado nesse sentido. Actualmente, é o contrário! Quero explorar cada vez mais o gutural, a banda evoluiu naturalmente para um ambiente mais pesado.
Como vocalista feminina, a Angela Gossow, dos Arch Enemy sempre foi uma das minhas grandes influências. Outros cantores que me influenciaram foram: Devin Townsend, Anneke Van Giersbergen (ex-The Gathering), Cadaveria (ex-Opera IX), Mikael Åkerfeldt (Opeth, Bloodbath), Piotr Wiwczarek (Vader), Chuck Billy (Testament), James Hetfield (Metallica)…
Sylvia Wolf: Há sempre algumas influências, mas nada que tenha mesmo seguido. Gostava de ouvir algumas bandas como The Black Dahlia Murder e Aborted e em termos de voz adoro a do Sven!
SFTD Radio: 4.Como surgiu a hipótese de cantar numa banda de metal ?
Sara Leitão: Falando sinceramente, eu nunca tinha pensado em estar numa banda. Adoro música, adoro concertos mas não pensava nisso com esse fim. Mas mais tarde surgiu a oportunidade por parte de uma banda de amigos e agarrei com unhas e dentes o projeto. Hoje já não me imagino sem os Dark Oath. Além de dar concertos e de fazer o que mais gosto, são os amigos que fazemos e todo o ambiente genial à volta que me fascina e sempre continuará a cativar-me. É um porto de abrigo, a escapadela do dia-a-dia. Vendo o quão difícil é singrar musicalmente no que toca ao metal, é bom ver que as bandas portuguesas são umas para as outras e que os amigos que vamos encontrando vão sempre apoiar-se mutuamente.
Muffy: Conheci o Rstein, o meu guitarrista (Karbonsoul), quando os VS777 andavam em tour pelo país e passaram na minha terra natal – Elvas. Nessa altura tinha uma banda de covers de hard rock com uns amigos. Falamos um pouco, ele gostou da minha personalidade e da minha atitude. Pouco tempo depois, falou-me de um projeto novo que iria criar dentro da onda do gothic metal e convidou-me para fazer uma audição. Escrevi uma letra, gravei em casa e enviei-lhe a minha captação. Dentro de 2 semanas estava a caminho de Sintra para conhecer o resto da banda, gravar em estúdio o 1º tema da banda e fazer a primeira sessão fotográfica dos Karbonsoul. Estou na banda há 7 anos. Considero a experiência, uma das melhores da minha vida. Tive/tenho oportunidade de tocar com grandes bandas, crescer/aprender como vocalista e fazer aquilo que mais adoro: cantar e espalhar o terror em palco!! ahahahhaahh
Sylvia Wolf: Bem, essa hipótese foi muita sorte e acaso. Basicamente tinha um vídeo no YouTube onde estava a “cantar”, e o nosso baterista encontrou-o num anúncio sobre bandas e mandou-me um email a marcar um ensaio, muito simples ahah. Ainda tivemos algumas alterações nos membros da banda mas agora já está tudo organizado.


SFTD Radio: 5.Para quem não esteja ainda a par, qual o ponto actual do vosso projecto e que planos têm para o futuro próximo?
Sara Leitão: Gravar um álbum, espalhar a palavra e dar o mais número de concertos possível.

Muffy: O ano de 2012 e o início deste ano, foram muito difíceis para a banda, pois houve inúmeros problemas pessoais e de saúde com alguns dos elementos. Ainda assim, foi-nos possível, com muita dificuldade fazer parte de 3 eventos.
Os Karbonsoul de momento encontram-se a gravar e a trabalhar no EP 3logy, que será lançado este ano. Iremos fazer alguns concertos de apresentação do EP e posteriormente lançar um álbum com os temas mais antigos da banda.
Este mês, dia 29 no Side B, em Benavente, vou estar presente na festa dos Sacred Sin como convidada especial. Apareçam!
Sylvia Wolf: Hmm, nós já temos um EP “Misanthropic Reflections” para quem ainda não ouviu, pode ir ver algumas músicas no YouTube também. E neste momento estamos a trabalhar num novo álbum, ainda não sabemos quando poderá estar pronto, deve de demorar um pouco ainda.
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Aproveitamos para agradecer à Sara, à Muffy e À Sylvia a disponibilidade para estas pequenas entrevistas, desejando-lhes o maior sucesso!
As fotos (com excepção da de Arch Enemy) foram fornecidas pelas entrevistadas, pertencendo os direitos das mesmas aos respectivos autores.

Podem conhecer as bandas nas respectivas páginas do Facebook:

SFTD Radio no Facebook:
Songs for the Deaf Radio | SFTD-Made In Portugal

DARK OATH – THOR’S TWILIGHT

KARBONSOUL – DECADENT EMPIRE (LIVE)

CREATION UNDONE – CULLING

VOCALISTAS ESTRANGEIRAS

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