Entrevista a NEOPLASMAH com Sofia Silva (vocalista)
SFTD Radio: Os primórdios da banda remontam a 1997, pelo nome de Systematic Collision, quem eram (enquanto banda) e o que levou ao nascimento dos Neoplasmah?
NEOPLASMAH: Os Systematic Collision começaram como um projecto de hardcore e noise criado pelo Vitor Mendes, Simão Santos (Martelo Negro) e Dário Duarte.
Como muitas bandas, após algumas alterações de line up rapidamente evoluiu para um death metal melódico e foi nessa altura que o nome mudou para Neoplasmah em 2001.
Desde 2002 que a temática e a essência da banda se mantêm inalteradas, tal como o line up que é composto pela Sofia Silva na voz, Vitor Mendes na guitarra solo, José Carlos a.k.a. Melkor na guitarra ritmo (Martelo Negro), Alexandre Ribeiro no baixo (Grog) e Rolando Barros na bateria (Grog).
SFTD: No panorama nacional, dentro do death metal, o que vos destaca?
NEOPLASMAH: Aquilo que mais nos tem destacado é, sem dúvida, ter uma vocalista feminina desde 2002 num estilo que, nessa altura, era exclusivamente dominado pelos homens. Felizmente agora já não somos caso único e as mulheres já mostram do que são capazes em várias bandas de metal em Portugal (saudações a todas!).
Além disso, também a temática sci-fi, que gira em torno de cenários apocalíticos e da relação do Homem com o planeta Terra e o Cosmos, aliada a uma influência black metal cada vez mais notória, talvez ainda nos destaque no panorama nacional.
SFTD: Na essência da vossa banda, quais os valores a que dão mais importância para que se mantenham vivos num mundo muitas vezes cruel como o da música?
NEOPLASMAH: Olhando para trás, os últimos 12 anos permitiram-nos entender aquilo que realmente importa, que é continuar a fazer a música de que gostamos, juntos. Aquilo que faz a banda funcionar é acima de tudo a amizade e o respeito que temos uns pelos outros e a nossa vontade de mostrar a música que fazemos ao mundo. Tudo o que vier a mais é bónus…
SFTD: Desde as primeiras actuações ao vivo em 2001, quais as que marcaram mais? E com que bandas já pisaram o palco?
NEOPLASMAH: Sem dúvida que o concerto que mais nos marcou foi o primeiro que demos com o actual line-up. Estreámo-nos no SWR em 2003 e podemos agora confessar que talvez a banda não tivesse maturidade suficiente para um tão grande evento; o facto de ter uma vocalista feminina também não foi bem aceite por todos no underground nacional…essa foi, por isso, uma experiência agridoce.
Quanto ao melhor concerto, a resposta é unânime – o concerto de lançamento do novo álbum ‘Auguring The Dusk of a New Era’ no RCA Club superou todas as nossas expectativas, sobretudo pela resposta do público e foi inesquecível.
Até agora partilhámos palcos com as principais bandas do underground nacional e com algumas bandas estrangeiras, mas apenas em festivais. Esperemos que o futuro nos reserve ainda muitos mais bons concertos.
SFTD: Em 2004 lançaram o primeiro álbum “Sidereal Passage”, qual a sensação para vós enquanto banda ter um álbum cá fora? E como foi recebido pelo público?
NEOPLASMAH: O álbum Sidereal Passage é fruto da inspiração dos fundadores da banda (Vitor Mendes e Simão Santos) e tem temas que já existiam desde 1999. Só para dar um exemplo, entrei para a banda já todas as músicas tinham letra e voz e por isso gravei os temas tal como o Simão Santos (e depois o José Carlos) vocalizava antes. O álbum tardou em ser lançado, não teve a exposição que o segundo álbum está agora a ter e, quando saiu, a banda estava já ansiosa de entrar em estúdio e começar a gravar os novos temas que começavam a surgir. Por todas estas razões, apesar de ser especial para nós, não teve talvez a atenção que merecia.
SFTD: Agora em 2014 o lançamento tão aguardado de um novo trabalho, o “Auguring The Dusk of a New Era”, dez anos depois do primeiro. A pergunta que todos se fazem é porque houve tanto tempo a separá-los? Que aconteceu nesse intervalo?
NEOPLASMAH: Nesse intervalo crescemos imenso, como músicos e como pessoas. A nossa “separação” em 2005 resultou duma convergência de factores pessoais e pelo facto de, naquela altura, termos diferentes expectativas em relação à banda. Foi um eterno adiar da volta aos palcos e ao estúdio, com cada um de nós a dedicar-se a outros projectos. Agora estamos todos na mesma frequência e, apesar de os temas deste álbum já estarem compostos desde 2002-2004, quando os gravámos re-escrevemos letras e fizémos novos arranjos. Por isso, para nós, este é um álbum actual, que espelha o que somos agora enquanto banda.
SFTD: O que o público pode esperar deste novo álbum?
NEOPLASMAH: Penso que é um álbum coerente, mas que talvez surpreenda muitos dos que conhecem o ‘Sidereal Passage’. Neste novo álbum todos nós pudemos dar o nosso cunho pessoal, coisa que não aconteceu no primeiro álbum. Da nossa maior experiência resultou uma maior simbiose entre todos. Os temas estão sem dúvida mais rápidos e mais agressivos e as vozes ganharam outra dimensão. O resto…cabe aos ouvintes e críticos julgar!
SFTD: “Espremendo” a vossa experiência, o que acham do vosso percurso? E quais as vossas ambições futuras?
NEOPLASMAH: Não podemos deixar de ter orgulho do nosso percurso e de até onde nos levou. Neste momento, estamos a viver o sonho de qualquer músico ou banda do underground nacional… continuamos pobres, mas estamos extremamente realizados! Tanto as reviews, como a reacção do público no concerto de lançamento superaram as nossas expectativas. Só podemos concluir que ressuscitámos este projecto no momento certo e estamos sem dúvida a vivê-lo em pleno.
A nossa editora Helldprod tem sido incansável na divulgação do álbum, sobretudo o Pedro Pedra e não podíamos estar mais satisfeitos!
O caminho é para a frente…e pretendemos continuar a intimidar todos os homens que acham que no metal extremo não deveriam haver frontwomen. Meus senhores, nós vamos sempre fazer-vos frente!
Já temos alguns concertos agendados para 2015 e a nossa ambição é divulgar este trabalho ao máximo, nos palcos e em todas as plataformas disponíveis. Vamos certamente estar atentos a todas as janelas que se possam abrir.
Muito obrigada Inês e SFTD pelo vosso apoio.
Entrevista: Inês Matos
Fotos: Nuno Santos
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